
Já imaginou como seria passar o natal longe da família por motivos profissionais? O VivaDouro foi perceber a forma como duas forças de segurança passam a noite de consoada. Conheça a história de dois bombeiros Voluntários da Corporação da Cruz Branca, em Vila Real e de dois elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR) do Peso da Régua.
Para Sérgio Salgueiro, membro da GNR do Peso da Régua, o facto de passar a noite da consoada a trabalhar já não é uma novidade. O militar já passou por três vezes esta quadra longe da família e garante “que foi sempre diferente”.
Em todas as vezes que esteve de serviço nessa noite, um ano em Santarém e dois no comando de Braga, o membro da GNR esteve a realizar patrulhas de ocorrências, ou seja, “estamos de serviço naquele momento do jantar”, explicou.
Sérgio Salgueiro considera que esta é uma hora “particularmente difícil porque é quando as nossas famílias estão reunidas”, revelou. Apesar de esta situação ocorrer durante todo o ano o militar da GNR acredita que nesta época custa mais, uma vez que como tem uma “família numerosa, é difícil durante o resto do ano juntar todos os elementos, o que acontece só no Natal”, afirmou.
“Tentamos refugiar-nos nos nossos camaradas, tentamos fazer uma noite especial o que não é fácil porque estamos de patrulha e temos de estar disponíveis”, disse ao VivaDouro Sérgio Salgueiro.
Alcides Fernandes, também membro do comando territorial do Peso da Régua, trabalhou nesta quadra apenas uma vez. No entanto, o militar da GNR considera que esta foi uma “boa experiência”. “Na nossa profissão trabalhamos todos os dias do ano, 24 horas por dia e ao abraçarmos esta profissão já sabemos disso”, afirmou.
Para Alcides Fernandes esta é uma noite de trabalho “igual às restantes”, ainda assim, “por ser aquela noite que está mais associada à família, as pessoas que estão a trabalhar estão sempre com um amargo de boca, digamos assim” (risos), afirmou.
De acordo com os militares da GNR, muitas das ocorrências que têm nessa noite vêm de pessoas que se encontram sozinhas e “telefonam para a guarda”. “No fundo não é uma situação policial que nos leva às pessoas, mas sim uma palavra amiga que possamos ter”, afirmou Alcides Fernandes.
Sérgio Salgueiro conta que no último natal tiveram uma ocorrência deste tipo, “fomos chamados para um incêndio numa habitação, era uma senhora que vivia sozinha e a braseira que tinha debaixo da mesa acabou por pegar fogo a uma toalha e a senhora chamou-nos a nós e aos bombeiros” recorda o militar. “A senhora acabou por pedir para ficarmos mais um pouco para conversar, sentimos que ajudámos a senhora a sentir-se um pouco melhor naquele dia”, contou ao VivaDouro.

Na corporação dos Bombeiros Voluntários da Cruz Branca, em Vila Real o cenário não é muito diferente. Nesta noite costumam estar de serviço cerca de 10 pessoas, incluindo os voluntários, os técnicos do INEM e o operador de central.
Isabel Pereira, bombeira há 21 anos, conta que praticamente nasceu na corporação, uma vez que faz parte de uma “família de bombeiros”. Foram já várias as vezes que esteve de serviço na noite de consoada, “calha um bocadinho a todos”, explicou.
“O facto de estar de serviço nesta noite entristece-nos um pouco porque temos muito o hábito da família, mas por outro lado também nos sentimos acarinhados pelos nossos colegas”, revelou a bombeira.
Com o objetivo de fazer com que a noite seja um pouco diferente, os elementos que se encontram de serviço organizam-se entre si e cada um deles leva uma especialidade gastronómica da época e realizam uma consoada em conjunto.
Para Vítor Fernandes, bombeiro há dois anos, este vai ser o primeiro natal em que irá estar de serviço. “Espero que seja calmo, sei que vai ser bom porque vou estar com a minha família dos bombeiros”, declarou o jovem.
No entanto, Vítor Fernandes revela que é “um pouco difícil”, uma vez que os pais se encontram emigrados e vêm passar o natal a Portugal.