
Depois de quase doze anos enquanto banda e de terem já partilhado palco com artistas como Mind da Gap, Dealema e Mundo Se-creto, os Adega 13 vão atuar no festival Douro Sounds, que se realiza em São João da Pesqueira nos dias 26 e 27 de Junho. O cartaz conta ainda com nomes como DJ Ride, Dealema e Deau. O VivaDouro esteve à conversa com a banda, que tem alguns membros com raízes em São João da Pesqueira.
Como nasceu o projeto dos Adega 13?
Fakke MC- A Adega 13 nasceu após outra banda que já existia, com outros membros. Mas antes de nos juntarmos como banda já eramos amigos, já tínhamos coisas em comum, depois, foi o nosso amor pela música, todos partilhávamos o amor pelo Hip Hop, juntámos o útil ao agradável.
Porquê o nome Adega 13?
Fakke MC – O nome surgiu a partir de locais que frequentávamos, Adega era um sítio onde costumávamos passar muito tempo juntos, e o 13 era o número da porta onde o pessoal se concentrava.
Já tinham alguma formação ou experiência musical antes de se juntarem?
Trigo – Eu já toquei saxofone quando era miúdo. Mas formação musical mesmo não tivemos. O que aconteceu foi que cada um de nós já participava noutros projetos, fomos participando nos álbuns uns dos outros e esta formação atual da banda surgiu um pouco dai.
Fakke MC – A formação inicial da banda não era esta, já tivemos outros membros, chegámos a ser cinco mas fomos limando todas as arestas até que chegámos a esta formação que é a que queremos manter
Quantos trabalhos já foram lançados pelos Adega 13?
Fakke MC – Como Adega 13 já lançámos dois CDS, um em 2003 e um mais recentemente em 2014. Depois também temos realizado alguns trabalhos a solo. Pelo meio tivemos o meu em 2005 e o do Trek em 2006.
Qual foi o tema que mais marcou a vossa carreira até agora?
Trigo-A música que toda a gente mais conhece é a “Galderice”, é um trabalho pelo qual nos identificamos pelo facto de relatar um pouco do que foi a nossa adolescência. Esta acabou por ser a música que escolhemos para o videoclip precisamente por ser uma música com que os três nos identificávamos. Eu na altura era DJ, não cantava, e depois escolhemos uma música em que eu também aparecesse a cantar para a gravação. Este foi o primeiro videoclip dos Adega 13 a ser lançado no Youtube e penso que é a música que efetivamente nos lançou, porque é a que o público mais conhece.Notamos que há muita gente que nos aborda por causa desta música.
Sentem que são muito conhecidos fora desta zona?
Fakke MC -Se formos a falar das pessoas que ouvem regularmente Hip Hop português conhecem, de certeza que já nos ouviram. Já tocámos em vários sítios, já fizemos as Fnacs todas desde o Porto a Albufeira, não quer dizer que vamos na rua e sejamos conhecidos, não estamos nesse nível nem queremos estar, mas quem conhece Hip Hop de norte a sul do país, pelo menos um som já ouviu nosso.
Como é que surgem as letras das músicas? Quem as escreve? O que é que vos inspira?
Fakke MC – – Cada um escreve a sua parte. O que nos inspira mais é a atualidade, tentamo-nos focar bastante na situação política e financeira do país. Usamos muito a ironia ao mesmo tempo que pretendemos passar uma mensagem para quem nos ouve.
Tr Ek – Seja uma musica mais de recordação de tempos antigos, experiências nossas, critica social ou intervenção, passa sempre pela conjuntura em que estamos envolvidos.
Têm outras atividades para além da banda?
Trigo- Sim, todos nós. Todos temos um emprego que não tem nada a ver com o mundo da música. Infelizmente não dá para viver da música em Portugal, nós continuamos a fazê-la porque gostamos disto, continuamos a gastar dinheiro na música e não a ganhar dinheiro na música.
Fakke MC -Se pudéssemos fazer isto a tempo inteiro era o ideal para nós, porque é o que gostamos de fazer, mas para sobreviver temos de ter o nosso trabalho.
O que é que o público pode esperar da vossa atuação no Douro Sounds? Têm alguma surpresa preparada?
Trigo- Vai haver novidades, as pessoas que forem assistir um concerto vão saber quais, não podem ser divulgadas para já.
Tr Ek- Os que já nos conhecem já sabem aquilo com que podem contar, para as pessoas que ainda não conhecem a banda aconselhamos que vão ao festival, vão conhecer a nossa música vai ser feito num sítio espetacular, dinamizar uma região que merece muito e vai valer a pena.
O que têm preparado para 2015? Estão a trabalhar em novos projetos?
Trigo- Estamos a preparar um álbum novo para sair em 2016, vai ser um álbum na linha daquilo que temos feito, não vamos fugir aquilo que somos. Vamos continuar com a mesma base em termos de mensagem. Mas nós também estamos todos mais maduros, a escrita também amadurece mas basicamente a mensagem vai ser Adega 13.
Fakke MC – Uma das coisas que vamos tentar abranger são os cinco continentes, em termos de instrumental.
Tr Ek- Temos três linhas, que também podem encontrar no álbum Reserva Especial, temos músicas mais introspectivas, que fazem mais as pessoas pensar no seu equilíbrio diário, temos a vertente que chamamos rap “tasqueiro”, que é instrumentais cómicos com mensagens irónicas. Temos ainda a parte de bits mais agressivos e mais fortes que é mais de intervenção social, de falar do que está mal na política. O rap nasceu assim e nós vamos continuar a fazer rap assim, vamos sempre continuar a ter uma vertente de crítica ao sistema. Nós queremos sempre dizer o que pensamos.