
O Presidente da República realizou, no início do mês de julho, a segunda edição do “Portugal Próximo”, tendo arrancado a visita por Santa Marta de Penaguião, Vila Real e Sabrosa. Marcelo Rebelo de Sousa voltou assim às estradas com o objetivo de estar mais perto das pessoas e das populações do interior.
Foi sob um sol tórrido, pelas 10h30 da manhã do dia 4 de julho, que Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido na antiga escola do Concieiro, transformada agora em habitações sociais que acolhem três famílias carenciadas, onde discursou para a população que aguardava ansiosamente a chegada do Presidente da República.
Mas, antes dos discursos oficiais, Marcelo Rebelo de Sousa iniciou o dia com uma visita às habitações sociais. Com o espirito descontraído a que já habituou os portugueses, o Presidente da República conversou com a filha de um dos moradores e deu várias ideias de nomes para a boneca da menina.

Sara Mesquita, moradora da habitação social, vive com o marido e as duas filhas e diz “não ter palavras” para descrever o momento em que recebeu o Presidente da República em sua casa. “Nunca pensei que ia ver o Presidente pessoalmente, mas é igual, a mesma simpatia que vemos na televisão”, afirmou a penaguiense, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter feito uma pausa para comer uma maçã na sua cozinha.
“Está aqui a casca do Presidente, já vou emoldura-la para ficar o registo”, confessou a habitante aos jornalistas.
Com o Douro como pano de fundo e dezenas de crianças a assistir na primeira fila ao discurso do Presidente, as primeiras palavras de Marcelo Rebelo de Sousa foram dirigidas para a juventude, onde explicou que começou a volta do “Portugal Próximo a pensar neles, que são o futuro da terra, mas também nos menos jovens”.
Sublinhando que “é preciso criar condições sociais para prender as pessoas à terra”, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que a transformação da antiga escola em habitação social é já “um pequeno esforço” para que isso aconteça.
Luís Machado, presidente da Câmara, revelou durante o seu discurso que uma vez que as “pessoas são tão importantes” para o executivo, o município tem “vários programas socias, direcionados aos jovens mas também aos mais idosos.

Na sua visita a Santa Marta de Penaguião o Presidente da República defendeu que a “educação deve ser igual para todos”, elogiando o “bom exemplo” da autarquia penaguiense, uma vez que o município concede bolsas aos alunos mais desfavorecidos, entre outros apoios.
O autarca penaguiense aproveitou ainda a ocasião para sublinhar que “não deve existir interior em Portugal, até porque aqui em Santa Marta nós podemos dizer que o Porto é ali e os portuenses podem dizer que Santa Marta é já ali. Concluímos assim que somos orgulhosamente um concelho duriense do Norte de Portugal”, afirmou Luís Machado.

Presidente da República prova vinhos feitos por alunos da UTAD
Depois de Santa Marta de Penaguião o “Portugal Próximo” seguiu para Vila Real, mais concretamente para a Plataforma da Inovação da Vinha e do Vinho, no Regia Douro Park, onde o Presidente provou vinhos feitos por ex-alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
A prova iniciou com um Alvarinho, “contido mas ao mesmo tempo aprimorado”, tal como descreveu o Presidente, seguindo-se de um tinto e para terminar um Porto.
Depois de apurar o paladar, Marcelo Rebelo de Sousa e as restantes entidades oficiais seguiram para os discursos protocolares.
Rui Santos, presidente da autarquia de Vila Real, sublinhou a importância do Regia Douro Park para a região, “uma infraestrutura que o município e a universidade de Trás-os-Montes encaram como determinante para a afirmação deste território na área da vinha, do vinho e do setor agroalimentar”, disse o autarca.
Na opinião do edil, “terá que ser através da competitividade e da criação de condições de atratividade para a captação de investimentos”, que os territórios podem fixar a população e criar emprego.

António Fontainhas Fernandes, reitor da UTAD, lembrou que este “é um parque de ciência e tecnologia que se integra numa rede de parques da região norte, mas focalizamos este parque no setor agroalimentar que é a área que tem mais a ver com a região onde estamos inseridos”, afirmou em discurso.
“Esta estratégia e focalização está de acordo com o consórcio que nós estabelecemos com as outras universidades”, referiu o reitor da universidade transmontana.
Na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, o projeto “é de uma grande visão porque tem tudo o que é importante para ter sucesso. Tem conhecimento, tem possibilidade de formação e especialização, tem cosmopolitismo, tem a ideia de que a universidade só se justifica se ligada e virada para a sociedade”, defendeu o Presidente da República.

Chefe de Estado inaugura Espaço Miguel Torga em Sabrosa
Ao início da tarde, o chefe de Estado seguiu para Sabrosa onde inaugurou o Espaço Miguel Torga, um edifício do arquiteto Souto Moura.
Foi com uma receção calorosa da parte da população, e também da meteorologia, que Marcelo Rebelo de Sousa chegou a terras de Fernão Magalhães. O relógio marcava as 15 horas e a viagem do Presidente por terras transmontanas ainda mal tinha começado. Seguiam-se ainda Boticas e, para terminar o dia, Chaves.
O programa iniciou-se com uma visita à exposição “Portugal – entre as imagens Dussaud e a escrita de Torga” de Georges Dussaud patente no Espaço Miguel Torga. Seguida de uma atuação do grupo “Mátria – A Construção de uma Ópera” e do coro dinamarquês, Klarup Girls.

Marcelo Rebelo de Sousa classificou o Espaço Miguel Torga como “uma grande obra”, uma vez que “não é uma obra de uma freguesia, de uma Câmara, a obra de um país mas é uma obra de projeção universal”, afirmou o Presidente.
De Sabrosa o Presidente da República seguiu para Boticas e depois Chaves, prosseguindo a viagem nos dias seguintes para os distritos de Bragança e Guarda.

José Sócrates marcou presença em Sabrosa
O antigo primeiro-ministro José Sócrates também marcou presença na cerimónia da inauguração do Espaço Miguel Torga, a convite de José Marques, presidente da Câmara de Sabrosa, afirmando que se associou à ocasião pelo “simbolismo da inauguração deste espaço de homenagem a um poeta de Trás-os-Montes e um grande poeta português”, disse aos jornalistas. “Mas também porque é uma manifestação de reconhecimento a um Governo que liderei, de uma obra em benefício da região e que tem importância nacional”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa e José Sócrates acabaram por se cruzar após os discursos oficiais, sendo que no seu discurso o Presidente da República começou por dizer a José Marques que “fica-lhe muito bem ter gratidão em relação aqueles que, ao longo do tempo, contribuíram para que o espaço em memória do escritor transmontano Miguel Torga fosse possível”.
“Eu acho que as pessoas não podem, nem devem, e o Presidente da República menos que todos, não podem ser facciosos. Ao longo do tempo muita gente contribuiu para certas obras e o reconhecer que contribuíram para certas obras é uma questão de justiça”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.