Unidade Missão para a Valorização do Interior

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Por António Fontainhas Fernandes, Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
Por António Fontainhas Fernandes, Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
Por António Fontainhas Fernandes, Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

O governo apresentou em Idanha-a-Nova, no passado dia 5 de março, a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, numa data em que se assinalaram os primeiros cem dias de governo. Augusto Mateus apresentou uma visão que mostra a necessidade de romper com práticas do passado para termos futuro. O roteiro do futuro do interior exige medidas e ações que promovam a valorização de princípios de diferenciação territorial, uma maior cooperação supramunicipal e a redução da fragmentação existente, potenciar a incorporação de conhecimento e inovação, visando reforçar o posicionamento das empresas nas cadeias de valor em que se especializam.

Duarte D´Armas, em 1509, percorreu Portugal, desde Castro Marim a Caminha, a pedido de D. Manuel com o objetivo de efetuar um levantamento das fortalezas que constituíam a primeira linha de defesa com Castela. Cabe à responsável da unidade missão, a investigadora Helena Freitas da Universidade de Coimbra, fazer um outro levantamento, o das oportunidades de cooperação transfronteiriça da frente peninsular do nosso país. Às reconhecidas oportunidades da atrativa fachada atlântica do país, urge avaliar as potencialidades da frente peninsular. Este é um dos desafios da década, segundo o primeiro-ministro.

Os territórios desafiantes não podem limitar-se a justificar os indicadores socioeconómicos necessários à definição do envelope de fundos comunitários, que tradicionalmente tem alavancado o desenvolvimento das regiões mais dinâmicas, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Importa gerar dinâmicas que diminuam as diferenças intrarregionais, pôr em prática medidas de valorização dos recursos endógenos, de incentivo à fixação de jovens e inerente recomposição demográfica, bem como o fomento de ecossistemas e plataformas regionais que dinamizem a empregabilidade.

O futuro do interior passa pela implementação de estratégias de utilização dos fundos estruturais na organização de programas de desenvolvimento, de inovação e de empreendedorismo com efetivo impacto nos territórios desafiantes. Nesta narrativa, ficou claro o papel central das instituições de ensino superior do “arco do interior” na reinvenção da atividade económica nos territórios de baixa densidade populacional, ultimamente denominados territórios desafiantes. Urge potenciar estas instituições numa estratégia de especialização inteligente, geradora de efeitos económicos como condição para estancar o ciclo de declínio do interior.