
Festival de Sopas e Encontro de Ranchos vai na terceira edição/Foto: Direitos Reservados
Com o objetivo de promover a gastronomia local e em especial a sopa, a autarquia de Sernancelhe promoveu o 3.º Festival de Sopas e Encontro de Ranchos do concelho. Ao longo dos três dias do certame foram servidos mais de 2500 litros desta iguaria gastronómica.
Associando a vertente gastronómica à etnografia, o 3.º Festival de Sopas e Encontro de Ranchos de Sernancelhe juntou mais de uma dezena de associações concelhias que apresentaram diferentes tipos de sopas, iguaria que tem levado à vila cada vez mais pessoas ao longo das três edições da iniciativa.

Com este evento a autarquia pretende reafirmar as potencialidades gastronómicas do concelho/ Foto: Direitos Reservados
“O objetivo deste certame é a valorização dos nossos produtos endógenos, é uma forma de reviver as tradições”, explica Carlos Silva, presidente da Câmara Municipal, ao fazer um “balanço muito positivo” desta 3.ª edição.
A autarquia pretende assim “reafirmar as potencialidades gastronómicas do concelho, assentes ainda em forte tradição popular, que urge ser preservada e divulgada”.
Aliado ao Festival de Sopas, realizou-se também o Encontro de Ranchos, com a atuação de vários grupos do Norte e Centro de Portugal ao longo dos três dias do evento.
“O encontro de ranchos representa a nossa etnografia, as nossas raízes, que são fundamentais para continuarmos a afirmar Sernancelhe como um território interessante no património nacional”, afirmou o edil.
Desde a Sopa de Gravanços com Bacalhau, a Sopa de Javali, o Caldo de Castanha, a Sopa Negra, a Sopa Silvestre, até à tradicional Sopa à Lavrador, vários foram os tipos de sopa que os visitantes tiveram oportunidade de provar.
No total, quem visitou o Expo Salão de Sernancelhe teve oportunidade de provar 14 formas diferentes de confecionar aquela que é uma das mais antigas iguarias gastronómicas do mundo.

Alunos da Escola Profissional de Sernancelhe levaram o Caldo de Castanha ao certame/Foto: Salomé Ferreira
Como já é habitual, na Terra da Castanha não podia faltar uma sopa a divulgar o produto endógeno do concelho. Por essa razão, a Esproser, Escola Profissional de Sernancelhe, confecionou o Caldo de Castanha para dar a provar no certame.
“A Escola Profissional tem sempre parceria com a Câmara Municipal nestes eventos e é sempre uma mais-valia para os alunos participar nestas atividades”, afirma Fernanda Costa, professora da Esproser.
“O Caldo de Castanha é uma Sopa à Lavrador mas com bastante castanha, que é o produto ex-líbris aqui do concelho”, acrescentou.
“As pessoas procuram muito este caldo, fazemos uma média de 120 litros de sopa nestes três dias”, explicou Fernanda Costa.
Tendo como iguaria base o cogumelo, a Sopa Silvestre foi o caldo apresentado pelo Grupo Folclórico de Sernancelhe.
“O souto está associado à produção do cogumelo e como já algumas associações trabalham a Sopa de Castanha, nós optámos por colocar outro produto que os soutos nos dão que é o cogumelo”, afirma Armando Mateus, vereador da Câmara Municipal e presidente do Grupo Folclórico, ao explicar a confeção desta sopa.
Com um nome característico, a Sopa de Gravanços e Bacalhau foi outra das curiosidades dadas a provar no festival. “ Gravanços quer dizer grão-de-bico, é um nome que era utilizado nas aldeias antigas, são nomes típicos da ruralidade e de quem vive a agricultura”, afirma Adélia Sobral da Associação Cinco Reis de Gente.
“Também escolhemos este nome porque está imortalizado no livro de Aquilino Ribeiro”, explicou.
“Temos muitas pessoas a provar a sopa e a querer repetir, o nome gravanços aguça a curiosidade das pessoas”, acrescentou Adélia Sobral.
Com este evento a autarquia pretende ainda “inventariar as receitas tradicionais”, para que “dentro de alguns anos o concelho disponha de perto de uma centena de sopas que explicam o seu passado”.