Adega Cooperativa de Penajoia pretende modernizar equipamentos

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José Santos, presidente da Adega Cooperativa de Penajoia/ Foto: Salomé Ferreira
José Santos, presidente da Adega Cooperativa de Penajoia/ Foto: Salomé Ferreira
José Santos, presidente da Adega Cooperativa de Penajoia/ Foto: Salomé Ferreira

O VivaDouro esteve à conversa com José Santos, presidente da Adega Cooperativa de Penajoia. Há cinco anos à frente desta instituição, o dirigente tem como prioridade a modernização da maquinaria com o objetivo de expandir o negócio, nomeadamente para o mercado externo. Leia a entrevista e fique a saber mais acerca do setor do cooperativismo no Douro.

Qual foi a data de constituição da cooperativa?

A Adega Cooperativa de Penajoia surgiu em 1962.

Em que contexto é que surgiu a cooperativa?

Na altura os viticultores tinham uma grande dificuldade em colocar o vinho no mercado, juntaram-se os 15 maiores e fizeram uma reunião para começarem a construção da Adega.

Na sua opinião, quais são as principais vantagens que os produtores encontram ao trabalharem com cooperativas?

Têm um melhoramento de qualidade, uma vez que as cooperativas hoje em dia são mais dotadas de vários equipamentos e técnicos de qualidade. Antigamente muitos viticultores optavam por produzir o vinho em casa, hoje isso já não acontece.

No que diz respeito ao número de sócios, como é que foi a evolução nestes últimos anos? Qual o número de sócios que têm neste momento?

Neste momento temos cerca de 400 sócios mas já tivemos perto de mil.

Houve então o decréscimo do número de sócios?

Sim, uns fugiram para outras cooperativas, outros começaram a fazer vinho em casa. O lavrador tenta rentabilizar o melhor que pode o seu produto.

No que diz respeito à produção dos últimos três anos, qual foi a quantidade de produtos produzida? E o valor?

Ronda cerca de duas mil pipas por ano. O ano passado fizemos mais, o generoso mantém-se, o de consumo é que no ano passado tivemos mais. Este ano de consumo, entre DOC e Vinho de Mesa tivemos à volta de 1700 pipas.

O vinho do Porto é a vossa principal produção?

Sim, e é também o vinho que dá menos trabalho à direção, já o temos vendido, vamos receber parte do dinheiro antes da vindima e depois em dezembro pagam tudo. O vinho de consumo dá muito mais trabalho aos operários da Adega e depois dá muita canseira em vendê-lo.

Como é que foram as vendas em 2014/2015, tanto no mercado nacional como a nível de exportações?

Sentimos que baixamos um pouco as vendas, o consumo de vinho está a diminuir. Tenho conversado com vários colegas de outras Adegas e também partilham a opinião que enfraqueceu um pouco a venda dos vinhos. Mesmo os comerciantes e distribuidores notam isso.

Qual é a perspetiva para a colheita deste ano?

Este ano a colheita vai ser fraca, está a cerca de metade, menos 50%. Há muitas doenças, nomeadamente o míldio, o que fez com que se perdessem muitas uvas. A qualidade poderá ser maior, havendo menos uvas o vinho vai ser mais graduado e melhor.

Têm apostado também na exportação?

Temos apostado pouco, exportamos apenas para alguns países, nomeadamente Macau, China, Angola, uma percentagem muito pequena, cerca de 3% daquilo que produzimos.

Têm perspetivas de crescimento nessa área?

Sim temos, candidatámo-nos recentemente a um projeto no âmbito do Portugal 2020 para modificarmos a maquinaria, instalarmos o sistema de frio para termos melhores vinhos brancos e melhorar os vinhos tintos. As máquinas já são antigas, a maior parte delas ainda são da altura de formação da Adega.

A nível nacional, na sua opinião, qual é a principal dificuldade que as cooperativas enfrentam neste momento?

Na minha opinião é o facto de não se consumir o vinho, não se consome e ficamos com ele em armazém e depois temos dificuldades em pagar aos sócios. Ir à banca não é solução, devia haver uma linha de crédito do Governo para as Cooperativas. Falta apoio governamental.

Considera que Portugal se distingue dos outros países da Europa neste setor? Em que medida?

Portugal tem bons vinhos, estamos no bom caminho e temos vindo a melhorar as castas de produção.

Que perspetiva de futuro tem para a organização que representa?

Pretendo fazer as obras de restauração das máquinas de fabrico, mudar algumas imagens da garrafa e termos um vendedor no terreno para haver maior contacto com as pessoas.