

A obra da “figura mais ilustre” de Sernancelhe foi apresentada no dia 17 de setembro, no Pátio Aquilino Ribeiro, na Freguesia de Carregal, no mês em que se assinala o nascimento de Aquilino Ribeiro, que completaria 131 anos. Foram cerca de 400 as pessoas que quiseram prestar homenagem ao escritor.
A obra conta com prefácio da escritora Luísa Costa Gomes, introdução de Jorge Coelho, nota de abertura de Aquilino Machado, neto do escritor, e capa do pintor viseense Pedro Albuquerque.
Foi ao final da tarde de sábado, com o Pátio Aquilino Ribeiro repleto, e a casa onde o escritor nasceu como pano de fundo, que o município de Sernancelhe e a Bertrand apresentaram a reedição da obra “Cinco Reis de Gente”, 68 anos depois de Aquilino Ribeiro a ter escrito.
“Cinco Réis de Gente” foi publicado em 1948. Retrata a infância do escritor, passada no Carregal, de 1885 a 1895, “revelando o lugar, a Igreja, o Pátio, os ciprestes, as gentes, os ritos e rituais de um tempo que explica a história do lugar e do concelho”.

Encontra-se assim reeditada a obra que “retorna à infância no Carregal, aos primeiros anos de vida neste Pátio, nesta casa, com o seu pai, a sua mãe, a tia Custódia, entre tantas outras personagens marcantes ao longo da sua vida”, recordou Carlos Silva, presidente da autarquia.
Classificando este momento como uma “homenagem de Sernancelhe” a Aquilino Ribeiro, “a nossa figura mais ilustre”, o edil afirma que para a concretização “deste projeto foi fundamental o estabelecimento de uma parceria que considero histórica e há muito desejada”, afirmou.
“O município e a Bertrand, a editora de sempre de Aquilino Ribeiro, uniram esforços e conseguiram criar uma nova edição de Cinco Reis de Gente”, acrescentou Carlos Silva.
“Entendo pois esta edição de Cinco Reis de Gente como única e histórica, reunindo pessoas que sentem Aquilino, ilustres figuras nacionais, dos mais diversos setores de atividade, que conhecem e admiram o Mestre, vivem o mundo rural que era a identidade desta nossa Beira Alta serrana”, referiu o presidente da autarquia.
A Vigésima obra de Aquilino Ribeiro, há muito esgotada e agora reeditada, sucede mais de duas dezenas de obras do escritor publicadas pela Bertrand desde 2007, altura em que Eduardo Boavida iniciou funções como responsável editorial. Sendo que, “uma das primeiras reuniões que tive foi com Aquilino Ribeiro Machado, filho do escritor, que teve sempre como presente a missão de divulgar a obra de Aquilino Ribeiro”, recordou o diretor da Bertrand na apresentação do livro.
Ao longo dos anos foi assim desenvolvido “um projeto ambicioso”, em parceria com a família do escritor, onde se contemplaram “as mais diversas vertentes do autor”, afirmou Eduardo Boavida.
“Do nosso trabalho conjunto, durante cinco anos, resultaram 21 livros dos quais dois em formato bolso, sublinho que mais de metade das obras publicadas não eram nem romances nem novelas, sempre foi a nossa preocupação apresentarmos também aos leitores as facetas mais esquecidas de Aquilino, em paralelo, entre 2007 e 2011 coordenamos com o Círculo de Leitores a publicação de 11 romances e novelas”, acrescentou.
“É com regozijo no percurso percorrido que aqui estamos para apresentar Cinco Reis de Gente”, concluiu o diretor da Bertrand.
Aquilino Machado, neto do escritor, também marcou presença na apresentação da obra, tendo revelado que, “talvez reveja nas palavras de meu avô Aquilino a mesma geografia harmoniosa e familiar que percorreu a minha infância nas Terras do Demo”, afirmou ao recomendar a leitura de “Cinco Reis de Gente” como forma de recordar a infância.
Jorge Coelho, empresário e gestor, que fez parte do XIV Governo Constitucional ocupando os cargos de Ministro do Equipamento Social, Ministro da Presidência e Ministro de Estado, escreveu o Prefácio da obra de Aquilino Ribeiro, que considera “um dos maiores vultos da nossa cultura e do que tem de melhor a nossa história”, declarou.
“Ao escrever esta introdução quero homenagear o Homem e o escritor, mas também o Cidadão que tudo fez na defesa dos direitos do povo, da sua terra e que dedicou a sua vida a lutar pela justiça, pela fraternidade e pela liberdade”, acrescentou Jorge Coelho.
Para o antigo Ministro “Cinco Reis de Gente é, acima de tudo, um livro de pessoas, das suas formas de estar e de pensar, dos seus hábitos, das suas vidas e muito em particular do próprio Aquilino, das suas origens e da sua formação”.
“Ler Cinco Reis de Gente é um ato de prazer. Ficamos a conhecer melhor o que foi o verdadeiro Portugal e a forma como nele se viveu”, concluiu Jorge Coelho.

Na presença dos três autarcas das “Terras do Demo”, José Eduardo Ferreira, de Moimenta da Beira, José Morgado de Vila Nova de Paiva e Carlos Silva, o anfitrião, a cerimónia terminou com o descerramento da placa comemorativa da efeméride que ficou localizada na parede de entrada da casa onde nasceu o escritor.
Com uma tiragem mínima de 1500 exemplares, a obra será distribuída a nível nacional pela Bertrand Editora.