Chuvas fortes e granizo causam estragos na região do Douro

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Foto: Direitos Reservados

Os técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) estiveram na passada sexta-feira no terreno fazer um levantamento dos prejuízos causados pelo granizo e chuva intensa nas vinhas e pomares do Douro.

O mau tempo atravessou na quinta-feira o distrito de Vila Real e chegou a Viseu, arrastando detritos para as estradas e provocando muitas ocorrências a nível de inundações e também de estragos na agricultura, como em vinhas do Região Demarcada do Douro, pomares de maçãs e hortícolas.

A Direção Regional alertou os produtores para começarem imediatamente a aplicar um tratamento para ajudar a cicatrizar as videiras, nomeadamente adubo foliar com elevada percentagem de cálcio.

A DRAPN salientou que o tratamento é “tanto mais eficaz quanto mais rapidamente for efetuado”.

Em Sabrosa, no distrito de Vila Real, a chuva forte chegou acompanhada de granizo, deixando um cenário nas vinhas de “bagos rachados, com a grainha à mostra, e folhas esfarrapadas”.

Quem o descreve é Celeste Marques, da adega de Sabrosa, que disse ainda à Lusa que, na manhã de 7 de julho, os lavradores começaram a deslocar-se à cooperativa para fazer o balanço dos estragos e a participação ao seguro coletivo.

O mau tempo afetou principalmente a corda entre a vila de Sabrosa, Vilarinho de São Romão e Celeirós, zona de produção de vinho de Porto e vinhos de mesa de denominação de origem protegida Douro.

Fez nesta altura precisamente um ano que este concelho foi também afetado por uma tempestade de chuva e granizo. Uma hora de “chuva torrencial”, a 07 de julho de 2016, provocou inundações em cerca de 12 lojas e casas de habitação, uma igreja e até na câmara de Sabrosa, além de estragos em vinhas e hortas deste concelho.

Celeste Marques recordou o mau tempo do ano passado, em que a cooperativa perdeu cerca de mil pipas de vinho, e referiu que, em princípio, a dimensão dos estragos este ano “não será tão elevada”.

O mau tempo afetou ainda áreas de vinha em Alijó, Santa Marta de Penaguião e Mesão Frio, no distrito de Vila Real.

Nos concelhos do Douro Sul, como Armamar e Tabuaço, há estragos em pomares de maçãs e vinha.

De acordo com Carlos Carvalho, presidente da autarquia, a “devastadora tempestade que assolou Tabuaço na tarde de sexta-feira causou sérios prejuízos em grande parte do nosso concelho”, afirmou em nota enviada à imprensa.

A nível da Proteção Civil verificaram-se estradas cortadas, casas inundadas, muros e caminhos derrubados tendo inclusive 11 pessoas ficado desalojadas. “Importa salientar a rápida sinalização e pronta e competente intervenção por parte dos Bombeiros de Tabuaço, desdobrando-se em dezenas de intervenções e permitindo resolver todas elas num espaço de tempo mais do que satisfatório”, acrescentou o edil.

Outra das consequências desta intempérie foi o facto de grande parte da produção agrícola, das áreas afetadas, ter ficado destruída.

“Nesse sentido foram tomadas várias medidas no sentido de tentar minimizar os enormes prejuízos que ocorreram, encontrando-se já no terreno, e em articulação com as Juntas de Freguesia, uma equipa de técnicos da ADIVAT e da Câmara Municipal no sentido de alertar os agricultores das medidas a tomar, de imediato, tendo em vista tentar contrariar ou diminuir o flagelo que aconteceu”, explicou o presidente da autarquia de Tabuaço.

A trovoada, acompanhada de chuva e granizos intenso, também causou inúmeros estragos em Armamar. A norte, no vale do Douro, foi mais a chuva que caiu, mas a sul no planalto beirão onde se estendem os mais de 1600 hectares de pomares de macieiras, o granizo arrasou culturas e provocou danos em algumas habitações.

As perdas na cultura da maçã, na ordem dos 50 por cento, estimam-se já na ordem dos 15 milhões de euros. Como se não bastasse a perda da colheita deste ano, os fruticultores estão muito preocupados porque a destruição foi de tal ordem que as árvores vão precisar de 2 a 3 anos para recuperar e voltar a produzir com qualidade.

Recorde-se que em Armamar são produzidas anualmente mais de 70 milhões de quilos de maçã.

Os fruticultores da Capital da Maçã de Montanha têm feito grandes investimentos nos últimos anos, modernizando as técnicas de cultivo, diversificando as variedades produzidas, inovando para responder às exigências dos mercados. Depois da tempestade, “todo este esforço será interrompido durante pelo menos dois anos, o tempo mínimo necessário para cicatrizar o que em trinta minutos ficou destruído”, afirmou a autarquia em comunicado.