Iniciada no atual ano letivo, a licenciatura em Design Sustentável surge com o objetivo de dotar os licenciados do conhecimento e domínio operativo, necessários à aquisição de excelência no desempenho profissional, segundo os parâmetros exigidos atualmente no mercado de trabalho a nível europeu e global.
De acordo com Emídio Gomes, reitor da universidade transmontana, este “é um desafio novo para a UTAD, entrar na área do design através da nossa Escola de Ciências e Tecnologia, num novo conceito desta área que é o Design Sustentável”.
Dividida entre dois ramos, Design de Produto Sustentável e Interiores e Ambientes Sustentável, esta licenciatura é vista como uma das apostas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
“É uma visão de que o design do futuro vai ter que integrar dentro de si estes conceitos de neutralidade carbónica e de sustentabilidade ambiental. É uma nova aproximação ao design, não é mais o design de moda como era antes, é pensar de uma forma global e integrada, e é nesta dimensão que queremos estar cada vez mais presentes em todas as atividades, a sustentabilidade”, explica o reitor.
Para Nuno Sá Leal, Diretor da licenciatura, “é um sonho que se tornou real”.
“Este curso nasce de um sonho de ter um curso de design que olhasse à sustentabilidade, não se centrando apenas em criar ferramentas, mas peças que incluam o Ser Humano na sociedade.

Pegando num exemplo de uma cadeira de rodas, o nosso papel não é criar a cadeira, para isso existem os engenheiros, mas podemos trabalhar no design da mesma para que quem a utilize encontre menos barreiras pelo caminho.
Quando me foi feita a proposta para pensar neste curso eu já tinha a projeto pensado. Esteve em cima da mesa o nome de design inclusivo mas consideramos que poderia ser pouco demonstrativo do que era o curso, daí chamá-lo de Design Sustentável”.
A visão de Sustentabilidade, que é veiculada ao longo de todo o curso, é ancorada no princípio da inclusividade, não só porque uma sociedade sustentável é, necessariamente, inclusiva, mas porque a crescente diversidade nas sociedades atuais (multiculturais, integradoras de todos os cidadãos independentemente das suas condições físicas, mentais ou sociais), implica que os produtos e serviços satisfaçam uma grande diversidade de consumidores, contribuindo para a sua qualidade de vida e para o bom desempenho de mercado das empresas.
“Outra das funções deste curso é pensar nas acessibilidades, por exemplo, conseguir encontrar a melhor solução para que uma pessoa em cadeira de rodas possa aceder a um restaurante ou espaço de convívio que fique num segundo andar de um edifício.
Nas aulas e projetos que tenho dado tenho sempre a preocupação da inclusividade e sustentabilidade”, explica o diretor.
Inicialmente pensado para 60 alunos, o curso acabou por abrir apenas 40 vagas, “que foram todas preenchidas”, afirma Emídio Gomes, deixando ainda a garantia que já se pensa em “alargar o âmbito do curso”.
Para o diretor foi importante iniciar com um grupo mais reduzido de alunos porque “esta é uma área nova na universidade e é necessária muita adaptação à nova realidade”.
No entender de Nuno Sá Leal um grupo mais pequeno de alunos permite ainda “conhecê-los melhor, as suas necessidades e objetivos para o futuro”, aproveitando essa informação “para adaptar os ramos em que pretendemos apostar”.
Quanto ao alargamento do âmbito do curso, o diretor revela que estão já autorizados “mais dois ramos de design”, que irão iniciar no próximo ano, “o processo será semelhante, começar com poucos alunos e ir crescendo paulatinamente”.
“Ainda não foi possível fazer as Pós-Graduações, mas ainda este ano pensamos ter um protocolo fechado com um Centro de Investigação para termos um Doutoramento. No próximo ano queremos já ter as autorizações para abrir os mestrados nas áreas que nos interessam.
Temos já um protocolo oficial com a Design For All, que é muito importante porque entre os associados temos empresas e academias de várias partes do mundo, desde a Austrália aos Estados Unidos, México ou Europa. Será uma forma de ir buscar alunos internacionais e dar oportunidade aos nossos alunos de irem lá para fora”.
Para o reitor a aposta nesta nova área é uma certeza para a instituição que ao longo do próximo ano terá ainda uma forte aposta em diversas áreas do conhecimento, com destaque para as áreas da vitivinicultura e da enologia.
“O design é uma nova área, a sustentabilidade integra muitas outras, mas há ainda outras que continuaremos a afirmar como a agricultura de precisão, o setor agroalimentar, o fortalecimento da área da saúde, as ciências do desporto e as áreas das engenharias e das Tecnologias, em parceria com o INESC-Tec, da Universidade do Porto.
Em 2023 teremos a afirmação da UTAD no domínio da vitivinicultura e enologia, duas áreas com grande tradição na universidade, com melhores condições internas, e também com a associação às Ciências Gastronómicas e ao Enoturismo.
Em junho ou julho de 2023, teremos espaços de topo mundial seja para experimentação, seja para eventos e apoio às empresas da região, no domínio da enogastronomia. O nosso novo espaço de análise sensorial, Kitchen Lab e apoio a eventos será do melhor a nível europeu. Finalmente concretizamos a nossa adega experimental”.
O ramo em Design de Produto Sustentável, permite que o licenciado possa responder às exigências atuais da Indústria Internacional, sendo que as áreas de equipamento, industrial e produto, estão devidamente contempladas.
Além dos princípios base da Sustentabilidade estarem presentes, do início ao fim do curso, está também devidamente contemplada a área de inclusividade, permitindo direcionar o projeto para a diversidade humana, com a preocupação de o incluir na sociedade em que vive.
O ramo em Interiores e Ambientes Sustentável, permite ao licenciado responder às solicitações do mercado atual com preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos e a capacidade de avaliar e resolver problemas relacionados com a inclusividade.
A noção do espaço em que o ser humano habita, a necessidade de o tornar sustentável e adaptado à diversidade humana, quer seja no projeto de mobiliário urbano, ou de interiores, passando pela paisagem adjacente ou onde vive, não só está presente no decorrer do curso, como é transmitida de forma a que o fator inclusividade nunca seja menosprezado.

Diana Machado – Vila Real
Eu vim do curso de artes, uma área em que a oferta a nível de ensino superior é ainda escassa e estava já a pensar ir estudar para fora quando ouvi falar deste curso e decidi candidatar-me.
Esta sempre foi a área que gostei, design e artes, por isso acho que é a escolha acertada para mim.
Somos nós que vamos ajudar a criar tudo nesta área, desde o núcleo de estudantes às áreas que o curso deve apostar, o que nos dá alguma responsabilidade extra.
Inês Chaves – Bragança
Inicialmente a UTAD não foi a minha escolha, também porque não sabia da existência do curso mas um colega meu que entrou aqui disse que tinha o ramo de Decoração de Interiores e como era o meu objetivo candidatei-me. A preocupação da sustentabilidade teve algum peso na decisão porque cada vez mais temos que pensar nesta área.
Sermos os primeiros alunos do curso dá-nos uma maior responsabilidade, mas também um orgulho redobrado.