
Didier Ferreira demora 50,19 segundos a resolver um cubo de Rubik de olhos vendados, tempo que lhe vale o título de melhor português e recordista nacional nesta modalidade.
Vive em Santa Marta de Penaguião, tem 32 anos, nasceu em Bruxelas e é licenciado em Engenharia Civil pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Ficou nacionalmente conhecido após participar num programa de talentos, onde impressionou milhares de portugueses com a sua destreza a resolver o cubo de Rubik.
Começa por explicar ao Viva Douro, que o cubo mágico se trata de um puzzle tridimensional que apresenta, aproximadamente, 43 quintiliões de combinações possíveis. Esta paixão começou há cerca de oito anos quando o irmão de Didier Ferreira lhe ofereceu um cubo.
Curioso, recorreu a vários tutoriais para tentar resolver o quebra-cabeças. Nesse dia manteve-se acordado até às 4h00, até conseguir resolver o cubo pela primeira vez. “Desde esse dia que nunca mais parei e procurei formas de conseguir resolver o cubo em menos tempo possível”, afirmou Didier Ferreira.
Demora, hoje, cerca de 11 a 15 segundos. Didier Ferreira revela que para resolver um cubo em um ou dois minutos não é necessária muita atividade mental, uma vez que são necessários conhecer apenas cinco algoritmos, no entanto, “para chegar a um certo patamar e quebrar a barreira dos 20 segundos será necessário dominar um grande número de algoritmos e memorizar este número de algoritmos pelo que passa a ser necessária atividade mental.” Saiba que para chegar a este patamar, se for dedicado, demorará cerca de um ano.
A evolução é por si só impressionante. Mas, como gosta de desafios, tentou enveredar por outros campos e além desta proeza, consegue também resolver o cubo de olhos vendados e a tocar piano. É atualmente o melhor português e recordista nacional em todas as modalidades que envolvam a resolução com venda.
Desde a resolução de um cubo, à resolução de vários cubos, sendo que consegue memorizar e resolver entre 7 a 10 cubos de uma só vez, à resolução do cubo 4×4, tudo de olhos vendados.
“O meu recorde é de 50,19 segundos que engloba o tempo de memorização e o tempo de execução. Ou seja, neste caso, a memorização foi de 17 segundos e a execução de 33 segundos”.
Neste momento encontra-se a trabalhar para entrar no top 100 mundial, sendo que atualmente ocupa a posição 163. Didier Ferreira afirma que a modalidade de olhos vendados exige gesticulação mental, sendo que “é necessário memorizar a posição e orientação de todas as peças do cubo e em seguida é preciso saber ainda mais algoritmos que permitem permutar as peças para as posições corretas”.
Para além de resolver o cubo de olhos vendados, Didier Ferreira consegue ainda tocar piano com uma mão e resolver o cubo com a outra, ideia que surgiu em conversa com o seu amigo, o Mágico Mário Daniel. Na altura o desafio pareceu-lhe “praticamente impossível” uma vez que teria de pensar em duas tarefas ao mesmo tempo.
Após um ano de treino, conseguiu começar a separar os raciocínios e atualmente executa ambas as tarefas naturalmente. Começou a tocar piano aos 12 anos e, ainda hoje, toca para a família e para os amigos. Outro dos hobbies que tem é o ilusionismo, que surgiu na sua vida há 10 anos ainda nos tempos de estudante.
Didier Ferreira acredita que todas as suas atividades estão interligadas e afirma que “ao aprender piano desde cedo, desenvolvi destreza manual, o que facilita a arte da ilusão e a forma rápida com que rodo o cubo mágico”.
Competição de “Cubing” a nível nacional é ainda pouco conhecida
No que respeita a competição existem diversas modalidades, nomeadamente, 2×2, o 3×3, o 4×4, o 5×5, o 6×6, o 7×7, o pyraminx, o megaminx, o square-1, o clock, o skewb e resoluções de olhos vendados.
Em Portugal a primeira competição aconteceu no ano de 2008, mas apenas desde 2014 é que têm ocorrido com mais regularidade. Atualmente fazem, em território nacional, cerca de 2 a 3 encontros anuais organizadas pela equipa Cubing Portugal, composta pelo Didier Ferreira, António Gomes e Vasco Vasconcelos.
Na Europa e no mundo existem muito mais competições e, consequentemente, muito mais competidores. Didier Ferreira tem competido, também, na Bélgica, país de onde é oriundo e tem ainda familiares a viver.