FIIN(almente) de regresso

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Está de regresso o Festival Internacional de Imagem da Natureza (FIIN) que todos os anos premeia curtas, fotografias e desenhos da Natureza, em Vila Real. 

Mafalda Vaz de Carvalho é a vereadora com o pelouro do ambiente e responsável pelo festival, numa conversa com o VivaDouro fala do que é este evento e do impacto que já se vê refletido nas ações dos vila-realenses.

Para iniciar esta conversa gostaria de lhe lançar um desafio para que, através de imagens nos descrevesse o que é o FIIN.

É um desfio interessante, nunca me tinha sido colocado. O FIIN é:

Descoberta – Do Património e das técnicas;

Oportunidade – De divulgar o Património e os trabalhos;

Reconhecimento – O concurso e os prémios atribuídos;

Reinventar – Provocado pela pandemia foi necessário repensar a forma como se poderia organizar o FIIN

Afirma que a palavra reinventar surge desde o ano passado com a pandemia. Mas não é essa também um pouco a génese do festival? Estando ligado à Natureza que todos os anos se vai modificando, também não é assim com o FIIN?

Sim, o FIIN é dinâmico como o planeta. À medida das necessidades e dos acontecimentos vai-se ajustando para conseguir cumprir a sua finalidade que é o espírito conservacionista do nosso património natural.

No ano passado foi necessária essa adaptação porque o mais natural seria suspender tudo devido à pandemia. Quando foi a altura de abrir os concursos tivemos aqui essa discussão e havia quem defendesse que não deveríamos avançar mas foi decidido avançar e conseguimos alcançar o marco dos 6500 trabalhos submetidos, semelhante a anos anteriores o que é muito significativo.

Com o prolongar da pandemia, que inicialmente se falava de algo que passaria em três meses, tivemos outro problema porque tínhamos os trabalhos e os vencedores já estavam escolhidos, era necessário fazer-lhes a devida honra, até porque o próprio regulamento obriga à sua divulgação. A Comissão Organizadora teve, uma vez mais, que ser criativa e pensar numa solução, foi assim que surgiu a ideia da gala online que, depois de muito trabalho de todos, lá foi apresentada e acabou por ser um sucesso.

E este ano, como será?

Já temos algumas ideias mas ainda nada está definito por isso vamos aguardar um pouco mais para divulgar informação.

Com a pandemia falou-se muito da forma como a Natureza reagiu ao abrandamento da nossa vida quotidiana com menos carros nas estradas e menos voos, por exemplo, houve um reflexo disso nos trabalhos apresentados?

Tivemos mais trabalhos de autores portugueses e da região, isso foi algo que se notou. Há uma alínea do regulamento que de alguma forma restringe um pouco podermos ver mais esse lado da pandemia que é o facto de, por exemplo, não serem permitidas imagens de animais domésticos. Isto obriga a que os fotógrafos se dirijam às zonas mais naturais e sair um pouco do meio urbano.

Em 2019, por exemplo, que foi um ano em que se falou muito de alterações climáticas, no livro do encontro de fotografia que fazemos habitualmente na programação do FIIN (que no ano passado foi mesmo cancelado), tivemos uma série de trabalhos a comparar o antes e o depois de algumas zonas naturais. Tanto que nós só escolhemos o nome do livro depois de receber os trabalhos e este chama-se “Retratos em alteração”. Foi um ano em que esta preocupação esteve muito presente nos fotógrafos.

Em termos de pandemia o que dou conta, e saindo um pouco do FIIN mas pensando no meu pelouro na autarquia que é o ambiente, o que eu dei conta foi que desde  o primeiro mês de pandemia a perceção das pessoas quanto ao meio que as rodeia cresceu brutalmente.

Na altura chegamos a fazer alguns vídeos de sensibilização de onde colocar as máscaras, etc… Talvez este ano essa preocupação das pessoas com o meio que as envolve se venha a notar mais nos trabalhos do FIIN.

Tivemos muitas denúncias, pessoas a assinalar coisas que não estão bem, descargas ilegais, entre muitas outras coisas, foi um ano forte em denúncias e isto só pode ter uma explicação, para além de estarem mais tempo em casa fica provado que as questões ambientais as preocupam, o que nos leva a considerar que o FIIN está a cumprir o seu papel aqui nesta região. As pessoas devem olhar para o meio que as envolve e devem tê-lo como seu, só assim se vão preocupar com ele.

Mas isso, essa sensibilização, ainda faz falta em Vila Real e toda essa região onde a Natureza abunda?

Ainda faz. Penso até que é uma missão que nunca acaba num território tão dinâmico como o nosso.

Tenho a confiança que quem é de cá, trabalha a terra e vive destes ecossistemas muito particulares, dá-lhe o devido valor mas, estamos num território dinâmico, e ainda bem que assim é, levando a que haja os que saem e os que entram, portanto, esse trabalho é sempre importante.

Aproveitando essa questão digo já que muito me orgulha perceber que há também esta gente que vem de fora e que aposta nestas questões da biodiversidade local. É fantástico perceber que os valores naturais começam a entrar na economia, representando já milhões de euros.

Vi recentemente um documentário sobre morcegos e o seu impacto na economia. É um animal que tanto se falou agora devido à pandemia. Nesse documentário é colocado o cenário do desaparecimento dos morcegos e do impacto que isso teria, porque são animais que controlam muitas pragas e alimentam-se de insetos. A quantidade de produtos químicos que seria usada para garantir o mesmo resultado teria um impacto de muitos milhões na economia, é brutal.

Esta procura da sustentabilidade está a ser um episódio bonito de se ver e é gratificante acompanhar estes sinais que nos vêm da comunidade civil.

A autarquia de Vila Real tem dado um grande valor às questões ambientais. Podemos dizer que o FIIN é a “cara” mais pública deste trabalho que o município faz em prol da Natureza?

O FIIN é o momento de celebração de toda a atividade para a sustentabilidade que nós temos, e não é só d ambiente, ou seja, não só no pelouro do ambiente.

Vila Real está a atravessar um tempo de mudança quanto à mobilidade suave, à mobilidade elétrica, à redução de emissão de gases carbónicos, à descoberta do património, mais recentemente a assunção da cogestão do Parque Natural do Alvão. Neste momento o Parque Natural do Alvão é gerido pelos dois municípios que o integram, Mondim e Vila Real, sendo que nós somos o benificiário financeiro e técnico desse protocolo, estamos ativamente a trabalhar na gestão do parque para também o tornarmos num grande palco daquilo que é o nosso território.

O FIIN é a montra de tudo isto, é a celebração de toda uma estratégia de conservação e preservação do Património Natural do concelho de Vila Real.