Os alunos do ensino superior estão de volta à região, mais concretamente às cidades de Vila Real e Lamego. Depois das aulas à distância, devido à pandemia, os alunos estão de volta às salas de aula.
A Vila Real os alunos chegam não só de todo o país e ilhas como também do estrangeiro, este ano a academia transmontana terá cerca de 900 alunos estrangeiros, oriundos de 49 países.
Também para o reitor Emídio Gomes é um ano de estreia, ocupando o cargo pela primeira vez num arranque de ano letivo.
Para o reitor, o acolhimento aos novos estudantes tem corrido muito bem, destacando o aumento de novos alunos comparativamente com o ano passado, bem como o regresso dos alunos ao campus.
“Está a correr muito bem. A maioria das aulas já são em regime presencial e vemos o campus cheio de alunos.
Este é um ano muito positivo para a UTAD com a entrada de cerca de 1600 novos alunos em licenciatura e 1200 em mestrado e doutoramento, um total de cerca de 2800 novos alunos, que é um número francamente animador, fazendo também crescer o número global de alunos na UTAD. Comparativamente com o ano passado o número de alunos cresce cerca de 5 a 10%”.
Duas dessas novas alunas são irmãs, gémeas, e vieram do Brasil, com a família, para Portugal, em busca de uma vida mais tranquila.
“No Brasil nós vivíamos no interior de São Paulo, numa cidade que para nós era pequena e tinha 121 mil habitantes, viemos para uma vila (Armamar), que tem poucos milhares de pessoas, foi uma mudança muito grande que coincidiu com a questão do Covid-19. Quando chegamos estava tudo parado, no inverno então foi um choque com a realidade, quase não se via ninguém na rua e dava por mim a pensar que tinha de fazer algo para não enlouquecer”.
Para Isadora e Eduarda Rosa, a vida em Vila Real é o balanço perfeito entre a calma de uma pequena cidade portuguesa, com alguma vida mais cosmopolita que esta pode proporcionar.
“Aqui conseguimos ter mais independência do que no Brasil. Estamos a viver com os nossos pais que também se mudaram connosco mas, por exemplo, só o facto de termos que andar de transportes, aqui não há nenhuma preocupação especial, no Brasil há sempre um risco de acontecer alguma coisa. Aqui conseguimos ser mais independentes.
Em Vila Real já conseguimos ter uma vida citadina, ir ao shopping, ao cinema ou ao teatro, locais para podermos socializar, com a calma de ser uma cidade do interior que tem sempre menos confusão do que por exemplo o Porto”.
A escolha pela UTAD surgiu por indicação do tio que já vive em Portugal há alguns anos, e também da escola em Armamar onde frequentaram o 12º ano.
“Quando viemos do Brasil, fomos viver para Armamar porque já temos lá família. O nosso tio falava muito na UTAD, e na escola também nos deram boas referências desta universidade. Também havia a possibilidade de ir para Coimbra mas já era uma cidade maior e não era isso que nós procurávamos”.
Em Lamego, é a Escola Superior de Tecnologia e Gestão que atrai cada vez mais alunos para a região, este ano a previsão é atingir os 250 novos alunos matriculados, de acordo com o Presidente, Miguel Mota.
“A estratégia que começamos a implementar foi com o objetivo de fazer crescer o número de alunos aqui, um objetivo que está a ser cumprido, em especial nos concursos regionais”.
Para a direção da escola, a chegada dos novos alunos “está a correr muito bem, tanto para eles, como para os professores”, afirma Didiana Fernandes, vice-presidente da instituição.
“Apesar daquele conforto que existe sempre por termos aulas a partir de casa havia muita vontade em regressar a este espaço e felizmente tem tudo estado a correr muito bem”, conclui a responsável.
Contudo, o crescimento do número de alunos levanta outras questões e a falta de espaço físico para comportar todas as necessidades da Escola é uma das maiores.
“Precisamos de mais instalações. Estamos com uma política descontinuada de horários porque temos um problema de espaço, mesmo ao nível das salas de aulas. Se temos um evento aqui, como já aconteceu com um colóquio internacional, ficamos sem salas disponíveis, mesmo o auditório. É, neste momento, o maior problema que temos.
Com a candidatura que temos em curso para dois novos mestrados e uma licenciatura, a necessidade de aumentar o espaço disponível é ainda maior, até porque estamos convictos que essa candidatura vai ter uma resposta positiva, até porque são áreas muito pertinentes”, explica Didiana Fernandes.
Em declarações à nossa reportagem, Miguel Mota, Presidente da instituição afirma que “quer a tutela, quer a autarquia local já foram alertadas para este problema”, reconhecendo que “têm havido algumas conversas mas na verdade ainda não temos nada concreto. Existem já alguns espaços identificados que poderão, no futuro, servir para que as nossas instalações cresçam”.
Se da parte da direção a perspetiva do arranque deste novo ano tem sido positiva, do lado dos alunos esse sentimento também é partilhado.
Bruno Gomes é o Presidente da Associação de Estudantes da ESTGL, para quem é “bom estar de volta a casa”.
“Lamego é uma cidade pequena e aqui na Escola Superior somos cerca de 600 estudantes no total, acabando por proporcionar um ambiente mais familiar, mais acolhedor. É também por essa razão que nos referimos “à nossa casa”, é um pouco esse o sentimento que temos”, afirma.
O responsável associativo destaca o papel da organização que representa na receção aos novos alunos, para Bruno Gomes é importante que estes se sintam bem acolhidos até porque quer a cidade de Lamego, quer a própria Escola Superior, são de pequena dimensão, o que ajuda a que se viva um ambiente mais familiar onde todos se conhecem.
“Na Associação de Estudantes temos um papel importante na integração dos novos alunos, quer com a questão da procura de alojamento, por exemplo, quer com qualquer outro assunto que seja necessário, estamos sempre disponíveis para qualquer coisa.
Fazemos também questão que os estudantes conheçam a cidade onde vão estudar e por isso também fazemos essa apresentação, este ano organizamos um jogo, um peddy papper que levou os alunos a diversos pontos de Lamego, é uma forma de ficarem a conhecer. É sempre bom que os novos alunos cheguem cá e se sintam bem acolhidos”.
Para Bruno Gomes um dos grandes problemas que cada vez se nota mais é o alojamento, sem residências para estudantes e com os espaços vagos cada vez mais escassos na cidade, os preços começam a aumentar e isso pode ser um fator dissuasor na hora de atrair novos alunos, desempenhando também aqui a associação um papel importante.
A questão do alojamento em Lamego é muito importante porque não temos residências estudantis e acabamos por ter necessidade de fazer, na associação, algum “trabalho de casa” reunindo uma série de contactos de senhorios com espaços para alojamento, que são cada vez mais escassos e caros.
Pedro Abrunhosa na receção aos novos alunos da UTAD
Depois de dois anos em que a aula magna esteve vazia para a receção aos novos alunos, no início deste ano letivo foi novamente o epicentro deste momento.
Este ano, para abrilhantar ainda mais este momento, ao palco da Aula Magna subiu o músico Pedro Abrunhosa, que após 18 meses de pandemia, destacou a lotação esgotada da sala, afirmando que a arte “é agregadora”.
“Ter o auditório cheio foi muito comovente. Já temos feito concertos, sempre esgotados, mas temos de dobrar as datas e é um esgotado com pessoa sim e pessoa não. Aqui, pela primeira vez, ao fim de 18 meses. A arte também é isto, é uma forma de agregação. Fazerem as pessoas sentir-se parte de um todo, apesar das diferenças. Nós somos uma multitude de células. Hoje foi uma experiência interessante para mim”, salientou.
No seu discurso, Pedro Abrunhosa, destacou a liberdade, o livre-arbítrio, a ética e a política. Palavras-chave que, para o cantor, são fundamentais no momento em que os novos alunos vão ter de fazer escolhas. “O livre-arbítrio é a decisão de casa um de poder alterar a vida do outro para o bem ou para o mal”.