

O Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL), decorreu entre os dias 1 e 3 de junho, em Freixo de Espada à Cinta, e pretendeu debater a Literatura, num tributo ao poeta freixiense Guerra Junqueiro, à sua vida e obra, entre os séculos XIX e XXI.
Durante os três dias do festival destaque para a entrega do primeiro Prémio Literário Guerra Junqueiro a Manuel Alegre e para a reivindicação de que a obra do poeta de Freixo de Espada à Cinta possa regressar aos programas escolares e fazer parte do plano nacional de leitura.
Manuel Alegre mostrou-se “honrado” com atribuição do primeiro prémio literário Guerra Junqueiro, instituído pelo Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL), garantindo que foi felicitado por pessoas de diversos países.
O escritor disse à agência Lusa que Guerra Junqueiro (1850-1923) é uma grande figura da literatura portuguesa, tendo sido o poeta mais popular do seu tempo.
“Junqueiro trouxe à poesia portuguesa temas interditos no seu tempo, tais como a pobreza, a nudez, a prostituição, ou seja, aquelas coisas que eram para ficar fora da poesia. Ele trouxe a realidade e coisas mais infames da sociedade da época”, frisou.
“A organização do FFIL está de parabéns porque em boa hora relançou Guerra Junqueiro e todo a sua obra”, enfatizou.
O poeta Manuel Alegre, destacou ainda que é tempo de Guerra Junqueiro voltar as escolas, ao ensino e as livrarias. “Guerra Junqueiro é uma figura cimeira da poesia e da literatura portuguesa e não pode estar nas prateleiras, nem fora do ensino ou do convívio com a sua obra”, enfatizou.
Manuel Alegre disse ter uma escrita “muito diferente” da de Guerra Junqueiro, mas que se identifica com o poeta freixenista na luta pelos ideais de liberdade, como fez durante o período da ditadura.
“Identifico-me com Junqueiro porque a sua poesia dominante é Portugal e a minha também”, disse.
Maria do Céu Quintas, presidente da autarquia de Freixo de Espada à Cinta, afirma que “é um prémio muito merecido”, uma vez que “assim como Guerra Junqueiro, também Manuel Alegre é um poeta da liberdade”, disse.
Segundo a edil o evento pretendeu “promover a vila através da cultura”, a partir de Guerra Junqueiro. “Assim como ele foi de Freixo para o Mundo nós também estamos a tentar fazer a mesma coisa”, explicou ao VivaDouro.
A presidente faz um balanço positivo da iniciativa que contou com vários participantes ao longo dos três dias.“ O festival e o prémio literário Guerra Junqueiro são para continuar”, garantiu a autarca.
O programa incluiu conferências, entrevistas, exposições, lançamentos e apresentações de livros, entre outras atividades e contou com a presença de cerca de 100 alunos de escolas de localidades por onde Guerra Junqueiro passou como Salamanca, Macedo de Cavaleiros, Viana do Castelo e da Suíça, para além da de Freixo, que apresentaram vários trabalhos.
A Feira do Livro contou com Leonor Mexia, Isabel Alçada e José Fanha, como figuras centrais.
Destaque ainda para o lançamento de um livro de poemas de Tsegay Mehari, natural da Eritreia, refugiado na Suécia. Trata-se de uma edição traduzida do original, que relata a vida de um preso, jornalista de profissão, acusado de escrever poemas de amor pelo seu país, pela sua família e pela natureza.
O FFIL encerrou a bordo de um barco, entre as arribas do Douro Internacional, que o poeta tantas vezes percorreu, e onde colheu inspiração com leituras dos poemas de Guerra Junqueiro.