“O objetivo para o futuro é certificar a cereja, reforçando a nossa posição diferenciadora no mercado”

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Romeu Sequeira, presidente da freguesia da Penajóia e da associação AMIJÓIA| Foto: Ana Portela
Romeu Sequeira, presidente da freguesia da Penajóia e da associação AMIJÓIA| Foto: Ana Portela
Romeu Sequeira, presidente da freguesia da Penajóia e da associação AMIJÓIA| Foto: Ana Portela

Depois do adiamento devido à quebra na produção, a data para a realização da 6.ª Montra da Cereja da Penajóia está marcada para 4 e 5 de junho, na Avenida Dr. Alfredo de Sousa, em Lamego. O VivaDouro esteve à conversa com Romeu Sequeira, presidente da junta de freguesia da Penajóia e dirigente da AMIJÓIA (Associação de Amigos e Produtores da Cereja da Penajóia), uma das associações promotoras do evento.

– Penajóia é conhecida como o local onde aparecem as primeiras cerejas da Europa. Qual o segredo para o sucesso deste fruto na região?

A cereja da Penajóia é de facto a primeira a aparecer nos mercados europeus, isso deve-se ao microclima, à exposição solar e também aos próprios solos que, com as suas características específicas, acabam por influenciar de forma positiva a maturação da cereja. Todas estas condições ajudam para que a cereja da Penajóia seja mais precoce e, por isso, a primeira a aparecer nos mercados.

– Qual o principal objetivo com a criação de uma feira dedicada inteiramente à cereja da Penajóia?

Há muitos anos existiu uma festa na freguesia dedicada à cereja que, por diversas razões foi extinta e foi quando um grupo de amigos, no qual eu estava incluído, tentou recriar a antiga festa da cereja. No entanto queríamos algo um pouco diferente e pensámos alargar o conceito, mostrando à cidade e a todos os visitantes o nosso fruto. Na primeira edição verificámos que o certame teve sucesso e já no final de 2013, achamos necessário criar uma associação legalmente organizada, nascendo assim a AMIJÓIA. A partir daí começámos a promover a cereja da Penajóia e também alguns dos seus derivados.

– A produção de cereja é o principal sector económico da freguesia? Quantas toneladas produzem anualmente?

Sim, é o principal setor económico, mas não é o único. Temos o vinho e a vinha, nomeadamente o moscatel de Hamburgo, ou seja, um moscatel muito específico que tem a sua produção na freguesia e que tem uma cultura relevante em termos do território. Além disso temos o azeite e outros frutos com menor relevância como a ameixa. Atualmente produzimos cerca de mil toneladas de cereja por ano e temos uma média de cem produtores.

– A quebra de produção e o atraso na maturação da cereja são os principais fatores para o adiamento do certame. Esta situação irá trazer consequências ao preço do produto?

Para minimizar a quebra na produção o preço tem que ser um pouco mais elevado. Sabemos que a situação financeira dos portugueses atualmente não é a melhor e por isso vamos tentar aliar essas duas circunstâncias e fazer com que o preço seja um pouco mais elevado que o comum visto que a produção também é menor, mas que seja um preço justo, tentando menorizar a quebra de produção dos produtores.

A 6.ª Montra da Cereja realiza-se a 4 e 5 de junho na principal avenida da cidade | Foto: Direitos Reservados
A 6.ª Montra da Cereja realiza-se a 4 e 5 de junho na principal avenida da cidade | Foto: Direitos Reservados

– Qual o programa e as novidades para esta 6.ª Montra da Cereja?

Este ano temos uma novidade que é uma peregrinação poética, ou seja, iremos fazer um chá das cinco, à base de chá de cereja e alguns escritores do concelho irão declamar poemas pela Avenida Dr. Alfredo de Sousa e também em alguns estabelecimentos comerciais. Vamos aproveitar esta novidade para lançar oficialmente o 1.º Concurso de Poesia, ligada à cereja, para o ano de 2017 e que será inserido na rede de bibliotecas do concelho.

Será também apresentada na Montra uma novidade criada pela organização de produtores da Opedouro, uma bebida frisante à base de cereja e com álcool, denominada Cherry Sparkle. Pretendemos com isto mostrar que a cereja não é apenas para comer ao natural e que também é possível criar diversos produtos do fruto.

– Qual o balanço da Montra da Cereja ao longo destes cinco anos?

É um balanço muito positivo. Tem sido uma experiência fantástica e principalmente porque não é fácil um produto autóctone, apenas produzido numa freguesia, ter uma promoção tão boa. Com o apoio de todos aqueles que gostam e que defendem a cereja da Penajóia, temos tido um desempenho de referência, ao qual só posso agradecer, pois sem eles não seria possível conseguirmos ter as proporções que alcançamos até ao momento.

– A que nível a cereja da Penajóia está implementada no mercado nacional e internacional? Para que zonas do país e do estrangeiro exportam mais?

Em termos nacionais exportamos praticamente para todo o país. Temos vários produtores e comerciantes da região que fazem a distribuição para vários pontos nacionais, temos também algumas empresas que fazem a exportação externa, como a Opedouro que exporta para Espanha.

-Qual a importância do fruto para a freguesia e, consequentemente, para o concelho?

Promover a cereja da Penajóia é promover Lamego. É um produto de referência no nosso concelho e é também com essa bandeira que nós pretendemos chegar a todo o mercado externo. Como não somos uma produção de grande escala, o objetivo para o futuro é certificar a cereja, reforçando a nossa posição diferenciadora no mercado. Pretendemos também pegar no nosso fruto e potenciar a cereja em todo o concelho e na região Douro, só juntando esforços poderemos ganhar escala.

-Quais as expectativas para a 6.ªedição da Montra da Cereja?

São as melhores. Espero que seja visitada por milhares de turistas, é esse o nosso objetivo, conseguir mostrar as nossas tradições e a diferenciação da cereja da Penajóia, quer através dos stands personalizados como pelos produtos derivados da cereja.