CIM Douro lança duras críticas ao Plano de Recuperação e Resiliência

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Num longo documento enviado às redações, a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) critica o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), apresentado pelo Governo no passado dia 15 de fevereiro, acusando de “desconhecimento e insensibilidade” os “dois estrategas nacionais: o primeiro-ministro e o autor da “estratégia”, o professor Costa Silva”.

No mesmo documento a CIM Douro afirma ainda que o PRR “é uma sentença de morte ao Interior de Portugal e uma fraude, pois anuncia a “recuperação e resiliência da economia e da sociedade” e promete a coesão territorial mas, na verdade, faz tábua rasa das necessidades e planos estratégicos e de desenvolvimento da CIM Douro, dos seus 19 municípios e condena as aspirações das mais de 200 mil pessoas desta região e de todo o Interior de Portugal”.

Em 2017 a CIM Douro apresentou ao Governo o seu Plano para a década 20/30, manifestando junto das instituições nacionais e europeias quais as prioridades de investimento que a região definiu como estruturantes para um crescimento económico sustentável em convergência com o País e a Europa: Linha do Douro, IC 26 e Douro Inland Waterway.

De acordo com a CIM Douro, o Plano agora apresentado é “uma mentira e uma ilusão”, chegando mesmo a afirmar que “este é claramente o PRR do Primeiro-ministro e do seu “para-ministro” (António Costa Silva), pois por vontade dos seus ministros este Plano não existia nem era aplicado tal como está”.

“O Governo mente quando afirma que o PRR é uma ‘visão estratégica de Portugal objeto de um amplo processo de auscultação pública da sociedade portuguesa, tendo merecido um vasto consenso no que respeita à generalidade das prioridades elencadas’. A auscultação que existiu foi apenas um ato de manipulação para o Governo disfarçar a sua inigualável veia centralizadora, e cujo expoente máximo é o Sr. Primeiro-Ministro António Costa, que não faz o que diz e apregoa o que não pensa cumprir, como sucedeu com a promessa que fez à Comunicação Social durante a sua visita à Nacional 2, numa descarada manobra de teatro, quando referiu que ‘tinha uma dívida para com o Interior’.

A dívida para com o Interior não é saldada com este PRR. Pelo contrário, é agravada, pois esta era a última oportunidade de que dispunha para inverter o ciclo demográfico e de isolamento a que temos sido votados nas últimas décadas. O Primeiro-Ministro e o autor desta visão do País, o Professor António Costa Silva, assumem-se como duas figuras nacionais que governam contra a vontade dos autarcas, das regiões, do povo, e agem com dolo, fruto do desconhecimento da realidade nacional e da

sua conceção megalómana e cosmopolita de um País em que 2/3 do território é Interior. Este é claramente o PRR do Primeiro-ministro e do seu ‘para-ministro’, pois por vontade dos seus ministros este Plano não existia nem era aplicado tal como está, pois sabemos que há ministros com bom senso que poderiam estar neste processo e não estão. Por vontade destes ministros este documento jamais seria apresentado à União Europeia, visto tratar-se de um Plano que constitui uma vergonha nacional, que exibe uma das mais atrozes desonestidades para com o Interior e um roubo descarado a uma parte do País, em favor de outra”.

No documento a CIM Douro afirma ainda que este Plano tem “uma visão redutora do país”, destinando Portugal a um país onde “as assimetrias regionais conduzirão a insanáveis desequilíbrios. A mais de duas centenas de municípios de Norte a Sul de Portugal é passado um atestado de menoridade, deixados à sua sorte, sem qualquer investimento inscrito neste documento, para os próximos 10 anos, quando Portugal vai receber, como se lê na nota introdutória do documento, ‘um envelope financeiro sem precedentes, que atingirá os 50 mil milhões de euros em subvenções (a fundo perdido), a que poderão somar-se previsivelmente cerca de 14,2 milhões de euros na modalidade de empréstimos’.

A CIM Douro lança ainda um desafio a todo o interior pedindo união na recusa deste Plano.

“Está na hora destes municípios criarem a Associação Nacional de Municípios do Interior profundo de Portugal, uma associação que seja capaz fazer uma revolução igual à de abril, uma revolução pelos direitos consagrados na Constituição portuguesa, a mesma Constituição que está sempre tão perto das palavras bonitas do canto da sereia do Governo, mas permanece tão longe do coração dos seus governantes. Lisboa precisa saber que o Interior é Portugal e exige estar no mapa nacional da coesão e da convergência.

O Interior de Portugal não pode aceitar este PRR. O Douro não aceita este PRR. É uma infâmia para com uma região que é conhecida pela sua resiliência e que, por causa das descriminações e sujeita às mais atrozes decisões do Poder Central, permanece pobre, quando na realidade dá um contributo inquestionável à economia nacional, à balança comercial de Portugal, tanto faz pela imagem e prestígio do País e sistematicamente gera riqueza para ser depois aplicada noutras regiões mais ricas e desenvolvidas”.

Antes de terminar o documento a CIM Douro afirma ainda que a realidade será revelada em junho, “quando for conhecido o resultado do CENSOS, o País real que António Costa e António Costa e Silva ignoram na estratégia para a próxima década, vai ser conhecido. E aí vão perceber que daqui a 10 anos estará morto e que eles foram os coveiros do Interior de Portugal”.