O anúncio da abertura do procedimento de classificação da antiga panificadora de Vila Real foi publicado a 22 de maio, em Diário da República, numa altura em uma petição em defesa do edifício projetado por Nadir Afonso contabiliza 689 assinaturas.
A decisão de abrir o procedimento de classificação foi tomada a 11 de abril, pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), depois de denúncias de alegadas demolições parciais na fachada e cobertura do já muito degradado edifício Nadir Afonso, o único assinado pelo arquiteto na zona de Vila Real e que foi proposto para classificação como Imóvel de Interesse Público.
O processo já se encontrava em análise na Secção de Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, mas, devido às denúncias de destruição do edifício, a diretora-geral do Património Cultural, Paula Silva, decidiu pela abertura do procedimento de classificação para impedir danos continuados no imóvel.
Segundo o anúncio publicado em Diário da República, poderão agora ser apresentadas reclamações ou interpostos recursos hierárquicos do ato que decide a abertura do procedimento de classificação.
Depois do período de reclamações, iniciar-se-á a segunda fase do procedimento de classificação (decisão final), através de proposta da Direção Regional de Cultura do Norte para a classificação, e em que categoria, ou o arquivamento do procedimento.
Se o processo avançar, será ouvida a Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura para parecer obrigatório, proceder-se-á a consulta pública e, concluída a mesma, elaborar-se-á o relatório final do procedimento e submeter-se-á ao ministro da Cultura a proposta de diploma.
Entretanto foi também lançada a petição ‘online’ “Vamos salvar o edifício da Panreal — projeto Nadir Afonso”, dirigida ao presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, e que, até hoje, foi subscrita por 689 pessoas.
O texto da petição defende a preservação da panificadora “como exemplo, não só, do génio de um grande artista, de um tipo de arquitetura de época mas também como visão de espaço de trabalho de uma profissão que vai desaparecendo”.
“O seu estado de destruição não é ainda irreversível mas não se deve esperar pelo longo processo de classificação, por parte das autoridades competentes, mas sim atuar imediatamente e fazer com que sejam abandonados quaisquer projetos que incluíam a sua demolição e transformação ou alteração do essencial da estrutura”, acrescenta ainda o texto.
A petição defende o aproveitamento do edifício e da fachada original para usufruto da população, como, por exemplo, um café, padaria tradicional com decoração alusiva ao arquiteto e pintor.
“A salvaguarda do património cultura tem que ser um imperativo do município, numa visão de preservação da memória material e no reconhecimento das características de todos os momentos da história da cidade”, refere a petição.