
A Câmara Municipal de Vila Real implementa no próximo ano o programa +Bombeiros que vai atribuir apoios sociais aos bombeiros com o objetivo de atrair mais voluntários para as corporações do concelho.
“É sabido que os bombeiros portugueses, particularmente as duas corporações de bombeiros a operar em Vila Real, atravessam uma forte crise de mobilização à causa do voluntariado”, disse a autarquia em comunicado, ao explicar a motivação que esteve na génese da criação deste programa.
Desta forma, o município de Vila Real entende que “esta tendência poderá, a curto médio prazo, colocar em causa o serviço humanitário prestado pelos bombeiros”.
Assim, a autarquia irá implementar em 2016 este programa de mobilização para a causa do voluntariado, com o principal objetivo de “reconhecer o papel destes homens e mulheres, de valorizar o seu contributo social e procurar incentivar a permanência na atividade”, afirmou o município.
Este programa garantirá um conjunto de apoios sociais aos cidadãos que já são voluntários ou àqueles que venham a voluntariar-se aos bombeiros, como a redução das tarifas da água, apoios à mobilidade nos transportes públicos urbanos, reduções de taxas municipais, apoios na área da educação, como bolsas de estudo e apoios em material escolar.
As duas corporações de bombeiros do concelho de Vila Real, Cruz Branca e Cruz Verde, têm cerca de 210 elementos no quadro ativo e ambas mostram dificuldade de recrutamento e de saída de voluntários já formados quando atingem a idade laboral, “acabam por sair e a maioria acaba por ir para o litoral e o estrangeiro”, explicou ao VivaDouro Miguel Fonseca, comandante da corporação de bombeiros da Cruz Verde.
Orlando Matos, comandante da corporação da Cruz Branca, revela que a principal dificuldade é recrutar pessoas com uma idade superior aos 25 anos, visto que a maior parte dos voluntários se enquadra na faixa etária entre os 18 e os 25 anos, “é difícil encontrar voluntários principalmente numa faixa etária mais adulta, em que tenham uma vida familiar e profissional”, declarou.
O responsável da corporação da Cruz Verde revela que todos os anos a escola de formação inicia com uma “média de 15 pessoas”, sendo que desse número “terminam cerca de metade”. “Esses que ficam permanecem durante dois ou três anos e quando chegam à idade laboral acabam por sair”, acrescentou.
“O problema que se põe é que estamos durante dois anos a formá-los e depois a vida deles muda e perde-se o conhecimento de formação e o investimento fica sem retorno porque as pessoas acabam por sair”, afirmou Orlando Matos.
“Isto traz bastantes dificuldades, aliado às poucas ofertas que o próprio estado oferece e disponibiliza para quem dá de forma gratuita o seu tempo e a sua dedicação sem pedir nada em troca”, revelou Miguel Fonseca, ao acrescentar que neste momento os bombeiros “não têm nada de aliciante a dar aos voluntários a não ser trabalho, compromisso, obrigação e o gosto que têm por esta missão”.
Tendo em conta as dificuldades sentidas neste meio, Miguel Fonseca afirma que este programa lançado pela autarquia é “muito bem-vindo”. “Foi uma forma que a autarquia encontrou de reconhecer o trabalho e o esforço que estes homens e mulheres prestam à cidade, reconhecendo a forma de facilitar a vida aos voluntários com estas medidas de incentivo”, explicou o responsável da corporação dos bombeiros da Cruz Verde.
Orlando Matos acredita que o programa +Bombeiros vai trazer benefícios, “estou na esperança que este programa venha motivar o interesse das pessoas que tenham alguma idade”, afirmou ao VivaDouro. “Todos os benefícios que estão consagrados nesse programa apelam para uma vertente mais familiar e acredito que vai ser um benefício para aqueles que já estão nos quadros e tenho esperança que seja uma ajuda para que os outros cidadãos vejam aqui uma forma de terem uma motivação para aderir à causa”, concluiu.
O Programa +Bombeiros está previsto no orçamento para 2016 da Câmara Municipal de Vila Real.