
O município de Sernancelhe realiza, entre os dias 28 e 30 de outubro, a 24.ª edição da Festa da Castanha, dedicada à promoção e divulgação do produto ex-libris do concelho. Com uma produção anual de 1500 toneladas no ano passado, a castanha assume-se como um produto determinante para a economia do concelho que se assume como a “Terra da Castanha”. O VivaDouro esteve à conversa com Carlos Silva, presidente da autarquia.
A realizar este ano a 24.ª edição da Festa da Castanha, como é que tem sido a evolução do certame até ao momento?
A Festa da Castanha tem evoluído de acordo com o tempo. A primeira Festa da Castanha realizada no concelho de Sernancelhe foi feita por um conjunto de pessoas sernancelhenses, alguns responsáveis políticos, o meu antecessor, foi aí que nasceu a verdadeira Festa da Castanha. Era um Magusto, em cima de uma carrinha de caixa aberta com o povo a provar o vinho no dia de S. Martinho com as melhores castanhas. Tudo isso foi evoluindo porque a nossa consciência crítica chegou à conclusão de que era possível fazer um certame de acordo com os tempos. Por isso, ao longo destes 20 anos, foram-se criando condições físicas e de valorização cultural da nossa castanha e todas essas valorizações que foram conseguidas permitiram que a Festa da Castanha tenha hoje este patamar enorme e que não seja uma atividade de cariz local. Hoje, por força de todas estas circunstâncias, assume-se como um evento de cariz nacional. É a imagem de marca cultural de valorização de um produto endógeno.
Esta Festa tem um grande significado para Sernancelhe, acabando mesmo por ser uma homenagem aos produtores de castanha e agricultores do concelho?
Sem dúvida. A Festa da Castanha tem várias funções, uma delas é essencialmente a valorização da nossa castanha. Acima de tudo é também uma homenagem aos produtores e um estímulo para que continuem a acreditar que a castanha, apesar de todos os problemas que têm assolado os nossos castanheiros, é um produto de excelência e que tem uma valorização económica muito forte e um contributo muito importante para a economia do concelho de Sernancelhe.
Sendo um produto determinante para a economia do concelho, quantas toneladas produzem anualmente?
Cerca de 1500 toneladas por ano. É óbvio que os anos são muito difíceis, as alterações climáticas têm criado algumas dificuldades e a produção da castanha tem diminuído significativamente. O que esperamos é que a diminuição da produção não afete a qualidade, mas disso só podemos falar depois de a castanha sair do ouriço. Mas eu espero que sim, este ano não é muito diferente dos outros que temos vivido, apesar de a produção ter caído um pouco. Situação que teve uma repercussão negativa na economia do concelho, que chega a angariar cerca de 3 milhões de euros por ano, é o contributo que tem para Sernancelhe. Espero que a qualidade se mantenha para garantir pelo menos essa componente económica.

Esta Festa acaba também por ser um cartão-de-visita para trazer visitantes até ao concelho de Sernancelhe?
Nós assumimos como imagem de marca para Sernancelhe a Castanha. os municípios como o nosso, que estão escondidos neste Portugal profundo, que palmilham com muito gosto todas as barreiras que são necessárias para atingir os objetivos, podemo-nos salvaguardar um pouco daquilo que temos de bom. Nós temos três elementos que são muito importantes na nossa cultura: a castanha, o Santuário da Senhora da Lapa e temos Aquilino Ribeiro. Conseguimos ter três ex-líbris que nenhum deles está restrito à capelinha de Sernancelhe mas sim a um universo que é o mundo e também a força que tem para Portugal.
Quais são as novidades este ano? O que é que os visitantes vão encontrar na 24.ª edição da Festa da Castanha?
Essencialmente tudo que existe dentro da festa, à exceção de um ou outro produto endógeno, todos os produtos que nós podemos ver no certame são produtos derivados de castanha, nas mais variadas áreas. Desde o mel, doces, licores, um conjunto de produtos. É uma festa de valorização da nossa castanha. Os nossos stands e produtores também trazem inovações que também estamos ansiosos por as conhecer. As novidades vão ser também nos percursos, quer no BTT, quer no percurso pedestre, todos os anos o vereador Armando Mateus faz esse trabalho de criar algo novo para o certame. Penso que esta genuinidade e esta forma que foi criada vai inovando aos poucos com as ementas dos nossos restaurantes, com a introdução de mais um restaurante porque os que temos podem já não ser suficientes para o número de visitantes que temos.
A Esproser, Escola Profissional de Sernancelhe, vai ter também um papel ativo na Festa da Castanha.
É óbvio. A Escola Profissional para além de ser uma parceira muito ativa em tudo o que são atividades culturais, desportivas, literárias. Na área da gastronomia a escola tem um curso ligado à Restauração, portanto nessa área tem a obrigação de poder participar. A Escola é um dos elementos determinantes para que haja realmente algo de diferente e de mostrar que é uma das escolas mais importantes a nível da formação nesta área na região.
Passando para a parte desportiva do evento, o que esperam para a prova de BTT deste ano?
O trilho deste ano é diferente. O nosso BTT tem apenas um objetivo: fazer um passeio para as famílias e amigos. Tem sempre uma virtude que é o facto de ao longo do percurso haver um conjunto de atividades culturais que se vão desenrolando para entreter os nossos participantes. Para além de ser um passeio divertido e nada difícil, por isso é que o vou fazer também, tem esta forma de promoção dos nossos produtos, da nossa cultura e acima de tudo das nossas paisagens.
Em termos de participantes, já ultrapassaram a marca do ano passado?
Estamos muito expectantes sobre isso, no ano passado tivemos cerca de 100 participantes, este ano estamos confiantes que, pelo menos, atingiremos os números do ano passado. Também não queremos crescer muito nesta modalidade, queremos manter o número de participantes.
Quer deixar um convite para as pessoas visitarem Sernancelhe?
Venha a Sernancelhe pela mão de Aquilino Ribeiro visitar a Festa da Castanha.