Federação Renovação Douro – Casa do Douro rebate acusações da AATM

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Num comunicado enviado às redações no passado dia 18 de julho, e que o VivaDouro noticiou, a Associação de Agricultores de Trás-os-Montes (AATM) escreve uma missiva ao presidente do IVDP onde solicita a substituição dos representantes da produção no Conselho Interprofissional porque, segundo a AATM, a ministra da agricultura não lhe “reconhece legitimidade para representar a produção”.

Hoje, também em comunicado, a Federação Renovação Douro – Casa do Douro, divulga uma carta aberta dirigida à AATM, onde refuta as acusações, criticando a posição não só da AATM mas também da ALD, liderada por Alexandre Ferreira, candidato às próximas eleições da Casa do Douro.

Leia aqui a carta na íntegra:

“A Associação Trânsfuga Mente (AATM)

A Associação de Agricultores de Trás-os-Montes (AATM) escreve ao Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IP (IVDP) solicitando-lhe encarecidamente que substitua os representantes indicados pela produção no Conselho Interprofissional do IVDP, IP, atenta a putativa ilegitimidade destes, indicados pela Federação Renovação do Douro (FRD). Alega, em defesa da tese, que a Ministra da Agricultura não reconhece legitimidade aos representantes da produção.

Nos termos em que o faz não só falta constantemente à verdade ( o que é mau ) como sequer revela a capacidade de perceber o que se encontra em causa, estupidificando a discussão ( o que será, até, pior ). Vou pedir desculpa aos leitores pelo tecnicismo e sucintez da resposta, embora prometendo um trauliteirismo final,

  1. a indicação e permanência dos membros representantes da produção no Conselho Interprofissional não resulta do vencimento do concurso para a Casa do Douro por parte da FRD mas sim do vencimento puro do concurso de acesso ao CI aberto para o triénio 2018/2021
  2. ainda que o Decreto-Lei 152/2014 dispusesse, no seu artigo 3.º, que a associação vencedora teria direito a 20% da representação da produção no CI, a atuação desta norma não foi, sequer, necessária
  3. como se lê no Relatório do IVDP de 31.07.2018 que criteriou os resultados do concurso “A FRD foi a única candidata à representação no Conselho Interprofissional pela produção, … tendo direito a 5 mandatos em cada uma das secções.
  4. e, ainda que não tivesse sido a única candidata ao concurso do CI de 2018, a sua hegemonia representativa na região conduzi-la-ia sempre à vitória integral em qualquer circunstância
  5. foi esta hegemonia, aliás, que desmobilizou a Associação da Lavoura Duriense (ALD), capitaneada pelo ex-TOC da Casa do Douro insolvente Alexandre Ferreira, a concorrer ao mesmo concurso do CI, o que não se entende quando, segundo esta associação, os seus “15 000 viticultores associados” facilmente lhe teriam dado uma vitória estrondosa e se esses “15 000 viticultores” associados mais não correspondessem que aos arremedos de descabida ilusão com que serão assaltados diariamente
  6. como tinha prometido tecnicismo volto ao pedido da AATM de declaração de ilegitimidade dos actuais representantes da produção no CI e para rematar que a Ministra da Agricultura não tem de reconhecer ou não reconhecer legitimidade àqueles
  7. porquanto a legitimidade dos conselheiros da produção indicados para o CI no triénio 2018/2021 encontra-se legal e irreversivelmente consagrada pela sua nomeação em Despacho do Secretário de Estado da Agricultura de um Governo PS, o qual pode ser encontrado sob o n.º 9680/2018, publicado na II série do Diário da República n.º 199 de 16 de outubro de 2018
  8. porém, façamos até um exercício do absurdo: imaginemos, em delírio de tese, que nenhum dos factos supra elencados correspondesse à verdade
  9. ainda assim, a mera e competente leitura da Lei n.º 73/2019 arregimentada pela própria AATM, permitiria concluir, na adoção do disposto no Artigo 36.º do Anexo à Lei, que a legitimidade para a gestão corrente da Casa do Douro continua a pertencer à Federação Renovação do Douro até que, um dia e eventualmente, outra entidade lhe possa suceder.

Só se compreende a quase delituosa intervenção da AATM nesta matéria por força da reunião de dois vetores divergentes que resultam num turbilhão labiríntico de difícil gestão,

  1. o primeiro, subordinado ao síndrome salta-pocinhas, emerge do facto de a AATM ter solicitado a sua adesão recente à FDR/Casa do Douro, o que foi aceite pela Direção da FRD, ao mesmo tempo que, agora e transfugamente, vem colocar em causa, ainda que sem fundamento, a posição e representatividade da FRD enquanto maior associação de produtores da Região Demarcada do Douro
  2. o segundo, identificado enquanto transtorno de personalidade dependente, resulta da posição de “voz do dono” que a AATM vergadamente assume em prol da Associação da Lavoura Duriense, capitaneada pelo ex-TOC da Casa do Douro insolvente Alexandre Ferreira, entidade a quem terá dado o seu apoio em troca da indicação nepotista de elementos que integrarão a lista de candidatos da ALD a umas futuras e eventuais eleições para a Casa do Douro.

Felizmente e em tempos de fake news, a verdade ainda consegue prevalecer.

Dou-me ao trabalho da presente reposição dos factos na véspera da realização do importante Conselho Interprofissional de 23 de julho de 2020 que irá definir o benefício para a campanha vitivinícola deste atribulado e pandémico ano.

Quero acreditar que o Presidente do IVDP, IP terá a oportunidade de aceder à presente resposta antes de tomar qualquer atitude precipitada relativamente às exigências da AATM”.