Como o VivaDouro anunciou em primeira mão, o quantitativo de mosto generoso autorizado (benefício) para a vindima 2020 ficará nas 102 mil pipas, sendo que 10 mil irão constituir a Reserva Qualitativa.
Numa reunião que demorou quase 5 horas a decisão do benefício foi conseguida em unanimidade apesar de os números não serem totalmente consensuais.
À saída da reunião, em declarações prestadas à comunicação social, o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, transmitiu o resultado da mesma, salvaguardando que o mais importante era assegurar que a quebra de rendimentos dos viticultores fosse a menor possível.
“Este ano, em face da pandemia que assolou o nosso território e face a todos os constrangimentos que surgiram quer na exportação, quer no canal Horeca, fixamos o quantitativo total em 102 mil pipas de benefício. Significa isto que teremos 92 mil pipas de mosto decorrente da vindima a beneficiar mas 10 mil pipas que são suportadas pelos 5M€ que o Governo disponibilizou para a Região Demarcada do Douro.
A parte das negociações deve ficar dentro da reunião mas devo dizer que não foi um valor consensual, é o resultado de um valor que teve de ser aproximado durante a discussão. Aquilo que pretendíamos que saísse desta reunião, era que o rendimento dos agricultores e em especial dos viticultores ficasse assegurado, isso era muito importante”.
Por seu lado, António Lencastre, responsável da produção sublinhou o trabalho conjunto feito com o comércio que evitou uma quebra mais acentuada no benefício para esta vindima.
“Isto é resultado de uma luta grande e de uma crise grande. Tivemos que arranjar meios para amenizar a quebra de receita que se prevê que seja grande. Com este resultado conseguimos limitar a quebra a menos de 6% o que, para os dias que correm, é bastante positivo. Isto graças à criação de uma reserva qualitativa num valor de 5M€, num trabalho conjunto entre a produção e o comércio, numa união que não se via há muito na região”.
O presidente da Federação Renovação Douro – Casa do Douro afirmou ainda que este “não é um acordo de hoje, o acordo nasceu do empenho em conseguir minimizar o impacto. Essa é uma vitória que ninguém nos consegue tirar. Nós conseguimos criar os meios para que a quebra não fosse grande”.
Do lado do comércio, António Saraiva, que também destacou o papel das profissões no entendimento avisa que o trabalho começa agora, lembrando que o sucesso desta negociação está agora na capacidade da região em vender o seu vinho para que quando a Reserva Qualitativa fique disponível o mercado não seja afetado.
“Independentemente do valor em si, eu gostaria de congratular o acordo conseguido. Demorou algumas horas mas é importante as duas profissões terem chegado a este termo. O mais difícil não foi chegar aqui, o mais difícil vai ser vender. Agora conseguimos que ele fique bloqueado por um período de três anos mas ele vai ter que ser vendido para que a região não sofra quando ele entrar no mercado. Defendemos a unidade na região e foi isso que conseguimos com este acordo”.
Recorde-se que em 2019 o benefício atribuido foi de 108 mil pipas.