Por Braga da Cruz, Engenheiro Civil
Na minha crónica anterior rejeitei a posição fatalista com que alguns encaram a situação de declínio dos territórios de baixa densidade, que só se agrava se tais territórios forem abandonados à sua sorte. No entanto, há que rejeitar formas de coesão que se limitem à transferência de recursos, como medidas compensatórias. Esta perspectiva até pode ser entendida numa lógica assistencialista que, apesar de poder concorrer para algum equilíbrio, não é manifestamente suficiente. Talvez fosse uma forma de afagar a má consciência de decisores políticos liberais e distantes, mas não traria resultados duradouros. Por isso mesmo a política regional europeia prevê e recomenda instrumentos específicos bem adaptados a cada território problema. Sem excepção, todos os territórios possuem recursos com potencialidades de desenvolvimento. O segredo está na capacidade de os transformar em produtos com valor de mercado e com capacidade de geração de riqueza. Isso só se faz através de pessoas bem preparadas.
Em tempo de mudança é sempre útil chamar a atenção para os casos bem sucedidos, dando visibilidade ao que está a ser feito com espírito inovador. Tal via tem múltiplas vantagens: promove as boas iniciativas, exalta a valorização dos recursos e, sobretudo, faz acreditar que o desenvolvimento é possível. A região de Trás-os-Montes e Alto Douro tem de ser olhada como parcela útil, indispensável e estruturante do território nacional, pelo seu importante contributo para a identidade nacional e pela capacidade de participação no progresso social e económico do País. Gente ilustre que aqui nasceu e singrou, é disso exemplo.
Quando nos anos 90, a CCRN fez cuidadosos estudos sobre as disparidades regionais no Norte de Portugal, em matéria de educação, alguns ficaram surpreendidos pelo facto de os municípios em pior situação relativa não serem desta região mas das zonas de transição entre o litoral e o interior. Os mais conhecedores apontaram como primeira razão para esta boa posição relativa o facto das famílias transmontanas terem sempre compreendido a importância da valorização dos seus jovens pela educação. Sempre houve nesta região o que podíamos classificar de verdadeira estratégia das famílias para valorizar os seus filhos. Não poupando sacrifícios os transmontanos e o durienses acreditaram que é pela educação que se progride e avança.
Nunca foi tão crítico como hoje reconhecer como é vantajoso apostar na educação e no conhecimento, como elementos indutores da inovação e da criatividade, indispensáveis ao progresso.