“Alto Douro Vinhateiro – 15 anos”

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Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil
Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil
Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil

Faz 15 anos que a UNESCO inscreveu o Alto Douro Vinhateiro na lista indicativa do Património Mundial, na categoria de “Paisagem Cultural”. Esta categoria corresponde a uma evolução na ambição da UNESCO preservar as realizações do homem que, de carácter excepcional e único, não correspondem apenas a bens edificados: templos, mosteiros, palácios, centros urbanos históricos. As paisagens culturais incluem cenários naturais, já de si impressivos, que foram objecto de uma intervenção humana singular. No Alto Douro Vinhateiro, a paisagem cultural está associada à actividade vitícola e, neste sentido, todas as expressões relacionadas com esta actividade e com os valores da população que construiu esta paisagem, adquiriram uma importância simbólica por contribuírem para a compreensão do cotexto em que a viticultura se desenvolveu e consolidou.

Na Região Demarcada do Douro, o Alto Douro Vinhateiro corresponde a cerca de 10% da área total tratando-se da parte mais impressiva, em que a representatividade da evolução histórica e das diferentes tipologias de vinha é maior, conferindo o valor universal excepcional, ao encontro dos critérios da UNESCO e que determinaram a sua inscrição na Lista do Património Mundial.

Como se trata de uma paisagem humanizada é, por definição, evolutiva e viva. Estará nesse atributo o maior apelo à responsabilidade dos que se reveem no Douro. É que o Alto Douro Vinhateiro está submetido a uma permanente mudança e tem de conciliar a crescente procura externa por parte dos que são atraídos pela qualidade da sua paisagem e daqueles que vivendo no Douro, e do Douro, acham que não são suficientemente compensados por serem os guardiões de tais valores patrimoniais. Sendo os indicadores de prosperidade no Douro bastante inferiores aos da média nacional, os durienses reclamam com justiça mais oportunidades de desenvolvimento e sentem-se credores de maior solidariedade nacional.

A inscrição do Alto Douro Vinhateiro na Lista do Património Mundial contribuiu muito para uma maior visibilidade dos seus recursos e para que fosse feita justiça à qualidade do seu território, proporcionando novas dinâmicas económicas e culturais. O conhecimento e a inovação também atingiram o Douro e têm contribuído para um padrão de exigência muito elevado. No Douro está a construir-se um ambiente de exigência em que as oportunidades de desenvolvimento social e económico têm de corresponder a um maior valor acrescentado. Um dos maiores desafios cabe aos que estão a formar as novas gerações que vivem no Douro e que terão de ser os futuros zeladores dos seus atributos de excepcionalidade. É que foram esses atributos que levaram a sua região a ser tão importante, em termos de herança da Humanidade, como “as Pirâmides do Egipto ou a Muralha da China”, conforme há 15 anos me dizia um dos responsáveis da UNESCO que apreciou a nossa candidatura!