Montes de jardins. Cores que nos entram no peito.
Uma região sofisticada, glamorosa.
Uma parte, demarcada. Foi feita a demarcação. Para marcar a sua diferenciação.
Mas toda ela é marcada. O tempo e a história marcaram-na indelevelmente. Marcaram-na tão
bem, mas tão bem, que quem por cá passa, fica marcado também!
Este é o Grande Douro. O da vinha, o dos pomares, soutos e olivais e até amendoais. O do vale
profundo e da serra verdejante.
Tanta diversidade que a faz única no mundo.
Mas, há um problema inadiável!
Podemos não o querer encarar de frente, mas ele é real. O desamparo humano é um fardo
pesado. A desertificação humana deixou desestruturadas as nossas comunidades.
As nossas aldeias perderam os pilares que suportavam a vida.
Sem vizinhos, ou com vizinhos da mesma idade, muitos Homens e muitas Mulheres que
fizeram esta região extraordinária, quando pela sua vontade ou necessidade, permanecem nas
suas casas, agarram-se ao silêncio para sobreviverem a esta nova e, cada vez mais, aguda
realidade.
Há alguns serviços de apoio, mas nem todas as pessoas os podem pagar. E, custa a dizer, são
apoios que já não respondem a grande parte das reais necessidades das pessoas.
São serviços do deixa e foge. Deixa, mas vai embora. Não há tempo para ficar.
Não se chateiem comigo por dizer isto desta forma. Chateiem-se com a realidade e com a falta
de soluções estruturadas e permanentes.
Se formos institucionalizados, podemos eventualmente perder parte da nossa identidade, mas
dão-nos conforto. Uma troca cara mas que talvez até seja um preço justo.
Se ficarmos em casa, no nosso lugar, abraçamos as memórias, mas corremos o risco de nos
desabituarmos da vida.
Somos uma região glamorosa para as gentes de todo o mundo. E clamorosa para os nossos
mais velhos?
Não somos pior, nem quase nada diferentes, de todo o interior deste país.
Nesta região Marcada e Demarcada, distinguida com a Marca de Património da Humanidade,
precisamos de outra Marca – a da Humanização!
Um primeiro passo:
Terras da água e do vento, e, desses elementos, fazemos energia que não aquece os que mais
frio sentem. A energia para os que mais precisam pode vir a ser a preço mesmo muito
diferente?
Um outro passo:
Das experiências e competências já no terreno, faremos melhor que no resto do país.
Substituiremos a organização implícita das aldeias onde nascemos, cheias de gente, por uma
organização que fique, ampare, permaneça e cuide. Criaremos emprego que promova vida e
felicidade humana. Vamos levar para as aldeias, jovens profissionais, cuidadores comunitários?
Com esta reflexão, apelo à determinação e união que serão a força para a luta pela
humanização!
AS PESSOAS, SÃO O HORIZONTE!