Dia Mundial da Água: Um recurso de valor incalculável

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Dia Mundial da Água

Apesar de estarmos em pleno sécuo XXI, a verdade é que o acesso a água potável a toda a população ainda é um objetivo longe de estar atingido. De facto, mais de 2 biliões de pessoas não têm acesso a água potável, sendo expectável que em 2050, sejam 5,7 biliões a viver em áreas com escassez de água. Globalmente, mais de 3,5 biliões de pessoas, a maior parte crianças, estão em risco de contrair doenças em consequência da qualidade da água dos rios, lagos e aquíferos. Para realçar a importância crucial deste recurso, as Nações Unidas celebram o Dia Internacional da Água desde 1993, promovendo o debate sobre o seu uso racional. O lema deste ano – “Águas subterrâneas: Tornando o invisível visível”- vem realçar a importância dos aquíferos para o abastecimento de água potável.

As águas subterrâneas são fundamentais no cumprimento dos compromissos da Agenda 2030 e dos respetivos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), pois possibilitam o abastecimento público a um elevado número de pessoas, sobretudo em regiões como a bacia do Mediterrâneo, onde cerca de 60 milhões de pessoas vivem abaixo do nível de pobreza absoluta de água (500 m³/ano/habitante). A gestão integrada é essencial para assegurar o futuro deste recurso, promovendo o desenvolvimento sustentável através do progresso local, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar das populações.

Num contexto adverso de alterações climáticas, Portugal encontra-se numa situação de elevada vulnerabilidade e de difícil equilíbrio hidrográfico. Esta situação tem tendência para ser cada vez mais complexa, à medida que os efeitos das alterações climáticas se forem fazendo sentir, com secas mais frequentes e prolongadas. A ocorrência de fenómenos extremos: longos períodos de secas e inundações devido a chuvas intensas, em paralelo com o aumento da poluição antropogénica, mostram a urgência de uma gestão integrada ao nível da bacia hidrográfica, envolvendo tanto políticos como gestores, investigadores, empresas, agricultores e comunidade local. As instituições de ensino superior e os seus centros de investigação têm também um papel fundamental.

Neste contexto e enquadrado na Década das Nações Unidas sobre Restauração de Ecossistemas (2021-2030), surgiu o Projeto Europeu ALICE. Financiado pelo Espaço Atlântico, visa intensificar a restauração de ecossistemas degradados como uma medida para combater a crise climática e melhorar a segurança alimentar, o fornecimento de água e a biodiversidade. O ALICE envolve quatro casos de estudo, sendo o português liderado pela UTAD/CITAB. Este projeto visa, através de um processo participativo inovador, assegurar a conservação da biodiversidade e aumentar a resiliência dos ecossistemas, potenciando os seus benefícios e serviços (como água potável e redução do risco de cheia, entre outros) e assegurando, ao mesmo tempo, as atividades humanas através da implementação de soluções baseadas na natureza.

Mas, porque um território bem gerido nem sempre é o suficiente para atrair e fixar as pessoas, é necessário também criar novas ações, num Interior cheio de recursos mas, muitas vezes, parco em oportunidades. Assim, surgiu a ideia do projeto ViVificar “abraçando as ideias de viver e ficar no Douro”, envolvendo a UTAD e os municípios de Alijó, Lamego, Mêda e Torre de Moncorvo. Este projeto procura dar respostas criativas para o desafio da fixação populacional no Douro, baseadas na construção de diálogos com as comunidades e no aprofundamento de perspetivas sobre os contextos socioeconómicos, ecológicos e culturais dos territórios em questão.

Há que manter a esperança, uma vez que, tanto a nível europeu como nacional, têm sido lançadas diversas iniciativas no âmbito do “European Green Deal”, reforçando uma abordagem transversal da gestão do nosso sistema natural e dos seus recursos. É um caminho árduo, onde todos temos um papel fundamental para não colocarmos em risco a nossa existência e a vida das gerações futuras.