Dia Mundial da Água: Valorizar a água significa valorizar o nosso futuro

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Dia Mundial da Água

Os valores da água para o bem-estar humano vão muito além das funções vitais (e.g. produção de alimentos, processos industriais, energia, agricultura, transportes, etc.), incluindo ainda a saúde mental, o bem-estar espiritual, o equilíbrio emocional e a felicidade. Para além destes serviços de ecossistemas prestados, a água tem também um extraordinário valor ambiental permitindo às plantas filtrar a água, purificar o ar, armazenar carbono, reduzir a erosão do solo, alimentar a biodiversidade, oferecer proteção contra tempestades e secas, e adaptação climática.

O mundo precisa urgentemente de valorizar o precioso e limitado recurso que é a água doce e que apenas ocupa 1 % da superfície do nosso planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, mais de 40 % da população mundial viverá em bacias hidrográficas gravemente afetadas pelo stress hídrico como resultado do aumento da procura de água, da redução dos recursos hídricos, e do aumento da poluição da água, impelida por um crescente aumento da população mundial. Refere, ainda, que todos os anos morrem de doenças transmitidas pela água 3,4 milhões de pessoas. É, assim, imperativo que se aposte numa gestão sustentável, integrada e equitativa dos recursos hídricos, reconhecendo que a sua proteção e restauração é crucial para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

Este ano, a ONU celebra o Dia Internacional da Água com o tema “Acelerar a mudança para resolver a crise de água e saneamento”. Tal, prende-se com o facto dos objetivos e metas relacionados com a água (ODS 6) não estarem a ser atingidos, comprometendo toda a agenda do desenvolvimento sustentável. É, também, neste ano de 2023 (22 a 24 de março) que a Assembleia Geral das Nações Unidas, com apoio dos governos da Holanda e do Tajiquistão, irá realizar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a Conferência da ONU sobre a Água. Este será um evento único visto que a última conferência da ONU sobre a água aconteceu há quase 50 anos, e neste período de tempo tem-se vindo a assistir a uma degradação tanto da qualidade como da quantidade de água por todo o planeta. Será provavelmente uma das poucas oportunidades para todos se unirem e encontrarem uma solução para a crise da água e saneamento, visto que esta Conferência contará com a presença de governantes de todo o mundo e stakeholders de diferentes setores da sociedade para juntos assumirem compromissos em prol da água.

E porque a água afeta todos os seres vivos, e as consequências de uma má gestão dos recursos hídricos tem-se tornado evidente, precisamos que todos tomem medidas. Tendo consciência dos problemas associados aos recursos hídricos da região várias instituições universitárias (incluindo a UTAD), politécnicos, ONGs e empresas privadas têm-se unido para contribuir para a melhoria das condições dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio Douro. Neste sentido, vários projetos têm vindo a ser realizados tais como: 1) “EdgeOmics – Bivalves no limite: genómica da adaptação em cenários de alterações climáticas”, visa avaliar mudanças e respostas genómicas associadas às adaptações climáticas e avaliar se a adaptação é o fator que pode mitigar o impacto da variação do regime climático de três espécies de bivalves de água doce, estando uma destas (Unio delphinus) presente na bacia do rio Douro (financiado pela FCT); 2) “Multi-Crash: Cascatas ecológicas a múltiplas dimensões desencadeadas por uma espécie invasora em habitats pristinos”, pretende avaliar os impactos ecológicos multi-tróficos e multi-dimensionais mediados pelo lagostim sinal (Pacifastacus leniusculus) em áreas pristinas dos rios Mente, Rabaçal e Tuela; 3) “FRESHCO: Múltiplas implicações de espécies invasoras nos processos de coextinção dos bivalves de água doce”, teve como objetivo avaliar o impacto das espécies exóticas invasoras sobre a fauna nativa ameaçada (bivalves de água doce e fauna piscícola) da bacia do rio Douro (financiado pela FCT). 4) “Reviving Douro Basin”, teve por objetivo a minimização do impacto e gestão do risco da construção e gestão de barragens e outras infraestruturas na bacia hidrográfica do rio Douro (financiado pela Fundação MAVA).

Muitos esforços têm vindo a ser desenvolvidas nos últimos anos na implementação de medidas de melhoria e de avaliação dos impactes nos ecossistemas de água doce, mas ainda não chegam para alcançar o ODS 6 e outras metas e objetivos relacionados com a água. É preciso que todos, sem exceção, envidemos ainda mais esforços para acelerar a mudança.