Há algum tempo que o VIVADOURO, este projeto inovador, me permite falar deste lado do Douro, que se ergue do leito deste rio, o mais bonito do mundo, até às serranias das beiras, um território incomum, onde se está a construir futuro.
Em cada um dos concelhos deste espaço com cerca de 100.000 habitantes, há um trabalho consistente a estruturar soluções de futuro.
Nunca o trabalho dos Municípios foi tão importante para a sobrevivência dos territórios com pessoas cá dentro e com organizações vivas, como neste período da vida humana.
Bons exemplos:
A baga de sabugueiro – é um produto de excelência, altamente competitivo no contexto do mercado dos concentrados em toda a Europa. As características geomorfológicas, deste Douro Sul, o trabalho empírico de décadas na seleção das espécies deste arbusto domesticado por nós e, mais recentemente, com um aturado trabalho científico, têm sido os factores determinantes para esta diferenciação.
Há um trabalho consistente de repor a confiança depois de alguns anos de incerteza quanto à viabilidade da unidade de receção, congelamento e expedição da baga para os mercados. A Regiefrutas , liderada pelo Presidente da Câmara de Tarouca, Valdemar Pereira, é bem o exemplo de que, com tenacidade, inteligência e solidariedade entre concelhos, as coisas acontecem e o sucesso é possível.
A abertura de espírito e visão alargada, dos líderes dos concelhos de Tarouca, Armamar, Lamego, Moimenta da Beira e Tabuaço, viabilizaram este projeto que estava em agonia e deram-lhe futuro.
Veja-se a imensidão de hectares de terra que pode continuar agricultada com esta espécie, com ciclo de produção muito simples e amigo do ambiente. Atenda-se também à quantidade de hectares que ainda podem ser usados para novas plantações de sabugueiro. Há um crescente aumento da procura da baga para diversos países da Europa e a grande ameaça para a viabilidade deste produto será a incapacidade de resposta.
Por isso, importa motivar a plantação, para que o aumento da produção permita diluir custos fixos e possamos ter um melhor preço ao agricultor.
A fileira da maçã – deve orgulhar a região o trabalho de organizações, cidadãos e o apoio dos municípios, na produção de maçã no Douro Sul, com mais impacto nos concelhos de Armamar e Moimenta da Beira.
Há um trabalho vanguardista, tecnicamente avançado e, mesmo assim, muito amigo do ambiente. A produção, que muito ganha pelas características geomorfologicas e edafoclimáticas, deste território, é de altíssima qualidade e única, sendo importante encontrar-se um modelo de promoção conjunto.
A fileira dos frutos secos – a castanha de Sernancelhe e de outros concelhos, com a denominação de origem Soutos da Lapa, veio dignificar a sua altíssima qualidade e é também uma referência, muito pela capacidade do município de a promover com um evento anual muito bem estruturado.
Áreas que podemos aprofundar:
A saúde – não podia deixar de me referir a esta área, pode ser um grande fator de desenvolvimento no Douro Sul. Olhemos com atenção para este mero exemplo, do que está a acontecer em Sernancelhe e saibamos tirar algumas conclusões .
A edificação de uma Unidade de Cuidados Continuados em Sernancelhe, pela Misericórdia Local e na altura crítica do projeto, com um apoio claro do Município, permitiu a criação de dezenas de postos de trabalho altamente qualificados e uma oferta em saúde para pessoas provenientes de toda a região norte do país. Há um outro projeto a emergir na Misericórdia de Lamego, que tem um claro propósito de, nas instalações do antigo hospital, fazer crescer soluções em saúde.
A área da saúde deve mobilizar-nos para soluções que sirvam as pessoas deste território e não deixarmos arrastar uma tomada de posição conjunta de todos os municípios quanto às lacunas nos cuidados de saúde primários e no hospital de Lamego.
A fileira do espumante – ninguém pode ignorar, no mercado nacional e internacional, a existência nesta região de marcas tão prestigiantes, como a Raposeira, a Murganheira e, já com um percurso assinalável, a Terras do Demo! Precisamos encontrar um registo que faça associar estas marcas de referência ao Douro Sul. Ganhariam essas marcas e ganharia este território. Os territórios dão identidade às marcas e as marcas dão visibilidade aos territórios.
A mobilidade – neste caso concreto, certamente que a escala Douro Sul já não é suficiente para as necessidades sentidas. Estamos perante um assunto que deverá ser visto pelas Comunidades Intermunicipais, dada a necessária ligação a Viseu e Vila Real.
Falar aqui ao mesmo tempo de coisas tão díspares, constitui a necessária visão holística do desenvolvimento, que nos deve fazer refletir de forma total sobre os contextos positivos e os que exigirão, segundo a minha opinião, um empenho reforçado.
Estou otimista quanto ao futuro da região pois acredito que a espuma dos dias não nos preencherá o tempo nem nos tirará a força de agarrarmos as oportunidades e os problemas com uma vontade genuína de fazer melhor e em conjunto. Não me canso de repetir que os destino colocou no poder, neste território, um grupo de pessoas competentes, inteligentes e mobilizadoras . A história será justa com o seu empenho coletivo.