A cidade de Lamego tem, todos lhe reconhecemos, uma força histórica e de dimensão simbólica, como não me lembro de outra. Podemos até dizer que Lamego é das mais fortes marcas de Portugal.
Lamego é centralidade da geografia afetiva de todo o Norte. Centralidade viária no eixo Brangança, Vila Real, Lamego, Viseu, Coimbra.
E, sem qualquer dúvida, centralidade sociológica no Douro e Beiras, particularmente de concelhos do Douro Sul.
Mas importa olhar para a realidade e constatar que Lamego vive um tempo cronológico e demográfico que a coloca entre o futuro promissor e um presente penitente.
Neste presente, uma parte da cidade colapsa, ou fecha portas, literalmente, ao som do silêncio da indiferença, de muitos de nós, mas fundamentalmente das autoridades locais que não poderiam permitir este fatalismo. Se os diagnósticos precoces da dialética urbana e as políticas proativas de regeneração tivessem acontecido, tudo poderia ter sido diferente.
Uma parte da cidade precisa de ressuscitar e de se fazer à vida. As ruas que deixamos morrer, e as que, lentamente, para lá caminham exigem-nos determinação na introdução de conceitos modernos de cidade que tragam o futuro.
E o futuro são as gentes novas que a podem habitar, os ventos novos da ciência, da tecnologia e do trabalho, os conceitos novos de comércio ao ar livre e outras atividades económicas de vanguarda, a cultura e os novos tempos das atividades criativas.
Temos bons exemplos de quebra do ciclo decadente, embora insuficientes, de iniciativa pública, na zona do castelo, e privados, um pouco por toda a cidade.
Mas precisamos de uma visão e atuação global e integrada.
Lamego tem monumentalidade, equipamentos e escolas dos vários níveis, que são âncoras com grande relevância e utilidade para mudar o sentido do caminhar coletivo nesta cidade.
Lamego é também a cidade verde. É-o por fora, e pode sê-lo por dentro, ou seja, uma cidade de grandes espaços verdes mas que a sua estrutura funcional a coloque no necessário caminho da sustentabilidade ambiental.
No centro deste futuro estarão certamente as pessoas e as sua legítima ambição de viver e sentir uma cidade com a dimensão adequada, que seja um ecossistema urbano de grande qualidade de vida.
Com este pequeno apontamento, fica o desafio da mobilização de todos para a reflexão e ação fora da caixa, que construa futuro coletivo, em Lamego!