Localizado no centro histórico da cidade, o Museu de Lamego foi fundado em 1917, num edifício, do século XVIII, que foi palácio episcopal. Pertence ao restrito número de museus centenários, cuja criação reflete os efeitos da aplicação da Lei de Separação do Estado das Igrejas (1911), que sucedeu à implantação da República Portuguesa.
Com um acervo verdadeiramente eclético, possui coleções de pintura, tapeçaria, mobiliário, ourivesaria, paramentaria e meios de transporte, que faziam parte do recheio do antigo palácio, complementadas, mais tarde, por um conjunto de capelas revestidas em talha dourada, espécies arqueológicas, cerâmicas, gravura, desenho e fotografia.
O núcleo de tapeçaria flamenga, tecida em Bruxelas, na primeira metade do séc. XVI, os painéis que Vasco Fernandes (Grão Vasco) pintou para a catedral de Lamego, na mesma época, os painéis de azulejos do séc. XVII e uma arca tumular medieval, classificados como Tesouros Nacionais, fazem parte do conjunto de maior relevância, numa coleção que é cronologicamente mais abrangente, com exemplares datados entre o séc. I e o XX.
Diversa e plural, a coleção permite um percurso de descoberta sobre a evolução da cidade de Lamego e dos homens e mulheres que a habitaram ao longo dos séculos.
Volvidos 50 anos desde a última grande intervenção no edifício, o Museu de Lamego encontra-se temporariamente encerrado ao público, por motivo de obras de reabilitação, destinadas a melhorar as acessibilidades física e comunicacional do museu, de modo a assegurar a sua impermeabilização, dotando-o de melhores condições de conforto para coleções e visitantes e de novas ferramentas no percurso de exposição permanente, que permitam ao visitante melhor interpretar as coleções e os espaços.
Espaço de aprendizagem e confrontação de ideias, em permanente evolução e questionamento, o Museu de Lamego é uma instituição em que toda a sua atividade se articula em torno de eixos fixadores e potenciadores da identidade: a conservação material e intelectual das suas coleções, do edifício e da sua história, entendido de modo expandido e aberto ao exterior, consciente no seu papel atuante no desenvolvimento da sociedade. Atento ao mundo, o museu adapta-se às suas transformações; atento à comunidade, escuta-a e envolve-a.
Nesse sentido, é o Museu de Lamego um lugar de preservação de memória, mas também um espaço de construção, comprometido com o futuro. Um futuro que se pretende seja melhor, que dá enfase a uma melhoria constante da experiência cultural e educativa dos diferentes tipos de público, por meio do desenvolvimento de narrativas contemporâneas, nas quais o visitante possa desempenhar um papel participativo, de modo a que se converta num exemplo no que respeita à democratização no acesso à cultura, tornando-o um espaço mais participado, mais inclusivo, mais humano. Um museu para todos.