Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil
Uma das formas mais recomendadas de promover o desenvolvimento de um territórios de baixa densidade é através do turismo.
Apresenta várias vantagens fáceis de entender: gera animação económica, cria emprego local, tem implicações noutros serviços de proximidade, como a restauração, a venda de produtos locais, o alojamento em espaço rural. Também estimula que os valores patrimoniais locais sejam preservados e que se organizem espaços culturais onde se mostrem recursos da etnografia e da antropologia locais. Estes desenvolvem o gosto pela cultura, contribuem para a autoestima das populações e reforçam a identidade local.
Recordo que o turista é cada vez mais exigente e sensível. Tem curiosidade pelo que vê. Uma boa impressão pode ser o melhor veículo de estímulo para novos visitantes. Um dos pontos mais importantes em qualquer estratégia de promoção turística reside na qualidade da oferta turística, bem adequada ao interesse de quem visita.
Uma vez feitos os investimentos para acolher bem os turistas é decisivo aumentar o número médio de dias de cada estadia, principalmente nos meses em que a incerteza climática tem de ser compensada por outras alternativas na oferta. Mas tal depende de diferentes factores, uns que se prendem com a qualidade nas condições do acolhimento, outros com a diversidade da oferta, aquilo a que os profissionais designam por “animação turística”. É sabido que quanto mais variada, rica e densa for a oferta turística, maior é a probabilidade de o turista se decidir por uma estadia mais prolongada.
No Douro, o argumento maior é a paisagem vinhateira, a paisagem humanizada por séculos de labor no domínio da natureza adversa. A UNESCO, no processo de candidatura do Douro como paisagem cultural Património Mundial, ensinou-nos que não importa apenas o cenário das vinhas, mas todo o contexto que exprime essa relação sábia e persistente com o território que o duriense foi transformando: os assentamentos da população, os pontos de apoio da actividade vinhateira, os locais de culto, a relação com o rio. Enfim, o seu contexto vernacular.
Muito terá sido feito pelo Douro nos últimos 15 anos, que não desmerece a distinção obtida. O número de visitantes não cessa de crescer de forma consistente. O facto de não termos cometido muitos erros, não nos deve deixar menos vigilantes. O grande desafio está em saber enriquecer a oferta preservando o tal contexto singular e distintivo.