Este verão tive o privilégio de visitar, com 8 dos meus netos, um dos sítios mais interessantes de Trás-os-Montes, tanto sob o ponto de vista histórico como educativo. Refiro-me às antigas minas romanas de exploração de ouro, situadas na aldeia de Trêsminas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, o qual foi recentemente objecto de uma operação de recuperação e valorização.
Trata-se de um ambiente de paisagem rural muito impressivo que nos convida ao contacto com a natureza e a beneficiar de uma paisagem de vilegiatura. Procederam bem os responsáveis municipais quando decidiram musealizar não só a zona mineira mas também o contexto do assentamento rural mais próximo.
Para se contextualizar, o visitante deve começar a visita por um Centro de Interpretação, cuidadosamente organizado num antiga casa de arquitectura rural, na aldeia de Trêsminas.
Este centro põe á sua disposição um conjunto de meios audiovisuais, esquemas, mapas e maquetes, que permitem compreender tanto a enorme dimensão da exploração mineira, como as implicações de natureza técnica e social envolvidas. São mostradas as ferramentas usadas, as técnicas de desmontagem do maciço rochoso, no qual estava disseminado o ouro, bem como abundante material arqueológico relativo á pessoas que aí viviam, no início da nossa era. Descobre-se a relação com outras estâncias auríferas no império e nas províncias da Península. O visitante beneficia muito da intermediação de monitores competentes e apaixonados pelo projecto. Fazem-no de uma forma muito dedicada. Também nos ajudam a fazer o percurso pelos caminhos do perímetro mineiro, a espreitar o panorama geral das profundas crateras da corta de rocha, a percorrer alguma das galerias usadas para a remoção do escombro e drenagem das águas subterrâneas.
No seu género, esta exploração era das maiores do Império. Aqui trabalharam durante quase 200 anos, diariamente e de forma continuada mais de 2.000 operários. Foram construídas duas barragens para retenção de água, que era depois canalizada por dezenas de kms de canais a céu aberto, para locais de lavagem da rocha, depois de partida e moída. Ficamos com uma noção exacta da escala das operações e da tecnologia usada.
Trás-os-Montes tem, felizmente, inúmeros recursos como este, capazes de enriquecerem a sua oferta cultural e de valorizarem a permanência dos seus visitantes e turistas. Para serem uma fonte de riqueza os recursos têm de ser organizados com qualidade e promovidos como no caso de Trêsminas, mas sempre em conjugação com outros elementos de acolhimento e animação.
Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil