“Um ano na Presidência da República”

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Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil
Por Luís Braga da Cruz, Engenheiro Civil

O Presidente da República completou recentemente o primeiro ano do seu mandato. Prometera fazer uma presidência de proximidade e cumpriu. Aqueles que avaliam o grau de satisfação do eleitorado informam que o seu índice de popularidade é dos mais elevados de sempre. Essa constatação tem uma justificação clara. O Presidente não só é simpático, como gosta verdadeiramente do contacto com as pessoas. Até aqui nada de estranho nesse comportamento e na reacção dos eleitores. A Constituição, quanto ao estatuto do Presidente da República, apenas prescreve no seu art.º 120.º que “representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas”. Não sendo imperativo ser simpático e próximo das preocupações das pessoas, o Presidente tem revelado compreensão pelos reais problemas dos portugueses e sentido de solidariedade perante um quadro que continua a pedir sacrifício e restrição.

Temos de reconhecer que a sociedade portuguesa goza hoje de um saudável clima de abertura, de liberdade de expressão e de público escrutínio, em especial por parte da Comunicação Social. Isto é bom porque põe a descoberto as muitas disfunções do nosso sistema e promove um comportamento mais ético e justo dos responsáveis a todos os níveis. Todavia é surpreendente como, todas as semanas se descobrem situações novas: de falha de regulação, de gestão danosa dos nossos escassos recursos financeiros, de perda de poder das instituições nacionais. Estas matérias, naturalmente, preocupam-nos e levantam-nos apreensão.

Marcelo Rebelo de Sousa conhece bem o princípio da separação de poderes. Porém, não deixa de intervir com inteligência, zelando por tudo o que nos aflige. Por um lado, é pedagógico explicando de forma simples o que parece ser complexo e confuso. Mas também se coloca na posição de defender o que é o interesse nacional aos olhos da grande maioria dos portugueses. Está atento aos sinais promissores dos centros de investigação, visitando-os e animando-os, porque acredita que são indutores de modernidade e inovação. É sensível aos motores da nossa Economia, exaltando o contributo continuado dos empresários para o sucesso das exportações portuguesas. Preocupa-se com a evolução do populismo ideológico na Europa e pede para não nos alhearmos das suas causas, porque isso também nos diz respeito.

Ainda recentemente animou a nova administração da CGD, a única instituição financeira que preservou o carácter nacional, fazendo questão de estar presente no início do seu “road show” nacional. Recordou que a credibilidade da Caixa depende de haver coerência nas opções de fundo: da estabilidade política em cada legislatura, do respeito pelos compromissos europeus de natureza económica e financeira, do controle orçamental e finanças sãs. Considerou que os recentes indicadores estatísticos sobre o 4.º trimestre de 2017, relativos à Economia Portuguesa, podem consagrar uma tendência promissora, mas com realismo alertou para a necessidade de agirmos de forma mais previsível, o que reclama sacrifício, contenção e estabilidade. Palavras sábias que nos animam, mas que obrigam a mais esforço.