José Paulo Lousado: “O desenvolvimento do capital humano da região é o nosso fator-chave”

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Foto: Direitos Reservados

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) entrou em funcionamento no ano letivo de 2000/2001, constituindo-se como uma unidade orgânica do Instituto Politécnico de Viseu (IPV). O VivaDouro esteve à conversa com José Paulo Lousado, que nos falou acerca dos principais objetivos desta instituição que se tem cada vez mais afirmado como um polo dinamizador da região. 

Que novidades podemos esperar na ESTGL no próximo ano letivo?

A ESTGL no próximo ano letivo mantém os seis cursos de licenciatura que estão acreditados pela A3ES, a Agência de Acreditação a Avaliação do Ensino Superior, também tem abertas as inscrições para os oito CTeSP – cursos de técnico superior profissional, criados recentemente pelo governo e dois mestrados. Em termos de novidade propriamente dita, temos o curso de mestrado em Gestão do Património Cultural e Desenvolvimento Local, com início previsto para o final de setembro de 2017 e a 3ª edição do mestrado em Gestão de Organizações Sociais, que iniciava no 2º semestre e que no próximo ano irá iniciar também no final de setembro de 2017, acertando assim o calendário deste curso com os restantes. Está também em preparação uma pós-graduação em Guias Turísticos Regionais que por agora, ainda não tem data para iniciar.

Quais são as principais vantagens que os alunos podem beneficiar ao escolher a ESTGL para realizarem a sua formação?

A escola tem uma política de proximidade bastante grande. Sendo uma escola pequena, há uma grande facilidade de comunicação, os alunos conhecem-se todos e esta acaba por a mais-valia principal. Temos também mecanismos internos de combate ao insucesso escolar que não estão presentes na maior parte dos estabelecimentos de ensino superior, nomeadamente o tutor, que é um professor que vai acompanhando os alunos e as recuperações nas avaliações, dando a possibilidade ao aluno que se encontra em avaliação contínua, de ter uma oportunidade extra de avaliar os seus conhecimentos, evitando a reprovação de imediato.

Qual a oferta formativa disponível na ESTGL?

Para além dos mestrados que foram referidos anteriormente, a ESTGL oferece as licenciaturas de Gestão e Informática; Gestão Turística, Cultural e Patrimonial; Engenharia Informática e Telecomunicações; Contabilidade e Auditoria; Secretariado de Administração e Serviço Social em regime diurno e pós-laboral. Nos cursos Técnico Superior Profissional, temos Enoturismo; Gestão Comercial e Vendas; Contabilidade e Fiscalidade; Relações e Negócios Internacionais; Intervenção Social e Comunitária; Informática Industrial; Integração de Sistemas e Serviços de Telecomunicações e Assessoria e Comunicação Organizacional.

Quais são as políticas implementadas pela vossa instituição para a captação de alunos?

Em termos de captação de alunos ao longo do ano levamos a cabo diversas iniciativas, para além da divulgação da oferta formativa nos meios de comunicação social, participamos em feiras de emprego, feiras internas nos agrupamentos de escolas, e vamos por iniciativa própria a centros de emprego, sedes de municípios entre outros locais, apresentar a nossa oferta formativa.

 

Qual é o vosso principal público-alvo?

O público-alvo da escola são os jovens que terminam o ensino secundário, quer por via regular, quer por via profissional. Estamos também apostados em cativar pessoas que se encontram no mercado de trabalho e que pretendem a sua requalificação. Outro público são os indivíduos com mais de 23 anos, que tenham alguma experiência profissional e que pretendam ingressar no ensino superior por essa via, normalmente têm o ensino secundário incompleto, tendo de realizar várias provas durante o processo de candidatura.

 

A internacionalização faz parte das vossas apostas no que diz respeito à captação de alunos?

Temos alguns alunos que fazem mobilidade de ERASMUS+, quer de entradas de estrangeiros, principalmente da Lituânia, quer para fora, e nesse caso o destino tem sido preferencialmente Espanha. Começamos também a ser procurados por estudantes brasileiros, no âmbito da legislação que regula o acesso ao Estudante Internacional.

A ESTGL tem-se cada vez mais afirmado como um polo dinamizador da região. Quais são os principais benefícios para a região com a localização da ESTG em Lamego?

A ESTGL acaba por ser um fator de formação local que contribui decisivamente para a qualificação e fixação da população, de forma a contrariar o despovoamento do interior. Não é fácil, temos alunos de várias regiões do país, nomeadamente das ilhas, mas o concelho de Lamego representa cerca de 30% do nosso público, pelo que a nossa área de influência se traduz efetivamente na CIM Douro e na CIM Tâmega e Sousa, onde se inclui o concelho de Resende, e que tem um peso de cerca de 7% dos nossos alunos. Ao formar pessoas para a região, estamos sem dúvida alguma a aumentar o capital humano, a desenvolver o corpo de conhecimento nessas regiões e pelas sinergias criadas, naturalmente impulsionará o desenvolvimento da região, onde já temos bastantes casos de jovens empreendedores, que criaram a sua empresa e o seu posto de trabalho, cuja formação inicial, licenciatura, foi obtida na ESTGL. Estes são para nós os nossos melhores embaixadores.

Quais são os principais desafios impostos a uma instituição de ensino superior localizada num território do interior?

Como já referi, o desenvolvimento do capital humano da região é o fator chave, digamos que o nosso desígnio principal. Nada vale para uma instituição, estar a formar para o desemprego. Os nossos desafios passam por dotar os nossos estudantes das ferramentas necessárias para que possam desempenhar as suas funções autonomamente, sendo colocados a estagiar em instituições e empresas da região, preferencialmente, para que a conheçam e contactem com a realidade.

Criaram recentemente uma incubadora de empresas em parceria com a autarquia, qual o balanço que faz destes primeiros meses de atividade?

A Incubadora de Empresas de Lamego é bastante relevante para que se possa oferecer aos nossos diplomados um espaço de contacto empresarial privilegiado, sendo também uma excelente oportunidade para colocar os nossos alunos a estagiar, principalmente na área do Secretariado. Em termos de balanço, é positivo, temos uma ocupação de 50% o que esperamos vir a aumentar com a saída para o mercado de trabalho de mais diplomados, estando em nós a expetativa de que alguns deles possam vir a necessitar de espaço para criar a sua própria empresa.

No mesmo dia foi ainda inaugurado o novo edifício de expansão da escola. Era uma obra há muito esperada pela comunidade académica?

Sem dúvida, a escola ficou agora com um espaço que confere dignidade a quem aqui trabalha e principalmente a quem aqui estuda. A ESTGL foi criada em 1999, iniciou a sua atividade em 2000, tendo ocupado, para além do edifício principal, outros edifícios disponibilizados pela autarquia, com todos os constrangimentos que daí advêm. Esta foi uma obra de grande importância, mas a média prazo necessitaremos de outras obras complementares, como por exemplo, a criação de uma residência para estudantes.

Como vê o futuro da ESTGL? Quais são os planos para a instituição?

A ESTGL está numa fase de crescimento, pelo que entendemos que o futuro será ainda melhor. Obviamente não podemos elevar muito as expetativas, uma vez que como é do conhecimento geral, estamos a sofrer nesta alguma da diminuição do número de nascimentos que aconteceu há cerca de 18 – 20 anos e que tem vindo a evidenciar-se cada vez mais, pelo que a ESTGL tem necessidade acrescida de mostrar o seu valor, a capacidade académica e científica do seu corpo docente, sendo que atualmente cerca de 73% dos nossos docentes têm doutoramento, estando bastante acima da percentagem global do Instituto Politécnico de Viseu, ao qual pertencemos. Para finalizar, em termos de planos futuros, para além da construção de uma residência de alunos, pretendemos estabelecer protocolos com o Município de Lamego de forma a garantir à nossa comunidade académica, acesso a espaços para a prática de desporto e de atividades de âmbito cultural.