Depois de 8 anos à frente do executivo, José Eduardo afirma não ter iniciado, nem querer terminar qualquer projeto. No seu entender os projetos devem ser pensados a longo prazo, transversais a qualquer presidente, a bem do município.
Ao final de dois mandatos, o que o faz avançar para uma nova candidatura?
Durante estes oito anos eu estabeleci uma relação de proximidade com as pessoas que faz com que se justifique que esteja disponível para as servir durante mais quatro anos. Verdadeiramente, o que eu tenho feito até agora, é aproveitar a energia de toda a gente no conselho de Moimenta da Beira, colocar-me ao lado dessas pessoas, empresas e organizações, fazendo com elas aquilo que Moimenta precisa.
Durante os últimos quatro anos, as iniciativas que fomos tomando foram tendo uma grande adesão por parte da população mas também das instituições e empresas e isso faz com que seja natural que eu tenha que me disponibilizar para caminhar lado a lado com esta gente. De alguma forma eu acho que devemos isso uns aos outros, eu devo às pessoas o tempo que se avizinha, o esforço que temos de fazer em conjunto, é uma questão de cumplicidade.
Reconheço que esta função é muito difícil, em especial no que diz respeito à nossa disponibilidade de tempo, um presidente de câmara não consegue ser mais nada que não isso mesmo, pondo em causa qualquer outra atividade, por exemplo, durante estes oito anos não tenho praticado desporto e, para além dos documentos necessários também não tenho lido mais nada. Dedico-me completamente a esta função, mas nem sequer ponderei não me candidatar porque devo esta entrega às pessoas.
Recandidata-se com o sentimento que falta terminar algo?
Habitualmente olha-se para uma recandidatura como pretendendo terminar alguma coisa, vejo diversas abordagens do género, “eu lancei este projeto e agora quero terminar” ou “lancei esta obra que pretendo concluir”, e isso para mim é uma visão errada.
Eu não terminarei nada, cada iniciativa que formos tomar durante os próximos quatro anos terá uma sequência no futuro, é assim que as coisas fazem sentido. Não vim para aqui começar nada, por isso também não vou terminar nada.
Estou aqui para, nos próximos quatro anos dar o meu melhor para criar melhores condições para toda a gente, para que a seguir o concelho parta melhor do que eu o encontrei. Objetivamente é isso que me importa.
Quando aqui cheguei, há oito anos, encontrei um concelho que tinha um passado bonito, de grandes realizações mas com grandes debilidades e o meu trabalho ao longo destes anos foi diminui-las ou mesmo acabar com elas. Com algumas foi possível acabar como por exemplo a questão financeira que melhorou bastante, no entanto temos que nos continuar a preocupar com o desendividamento.
Algumas dessas debilidades não serão sequer colmatadas por nós pois requerem um trabalho a muito longo prazo, o que não faz com que nos esforcemos para melhorar ao máximo dentro das nossas possibilidades, criando melhores condições para quem vier no futuro.
Quais são os grandes pontos do programa com que apresenta ao sufrágio?
De forma a simplificar posso dividir o nosso programa em duas partes: ações a curto prazo e ações a médio-longo prazo.
A curto prazo vamos manter-nos ao lado de todas as instituições do concelho de forma a almofadar qualquer dificuldade que as pessoas tenham. Todos os dias a câmara estará atenta ao que se passa à sua volta, mantendo assim o trabalho que temos vindo a fazer nos diferentes setores: educação, saúde e ação social, por exemplo.
No médio-longo prazo vamos tentar minimizar um grave problema que temos, a constante desertificação que vamos sofrendo. Vamos criar condições para que as pessoas se fixem, e isso não se faz de um momento para o outro, nem só porque nos apetece.
Temos por isso planeadas um conjunto de ações como uma maior divulgação cultural, que consideramos essencial para o bem-estar das pessoas. Vamos também aportar fortemente na promoção dos nossos produtos, vendendo mais e com melhores rendimentos podemos também aumentar a produção o que consequentemente levará a um aumento de postos de trabalho.
Durante os próximos quatro anos, Moimenta da Beira irá virar-se ainda mais para o exterior. Não vamos esquecer o que temos de fazer cá dentro como mais e melhores caminhos agrícolas, fazer chegar a eletricidade a todas as casas, apoiar as nossas empresas, etc, mas temos que nos virar cada vez mais para fora dos nossos limites.
Tenho tido oportunidade de acompanhar algumas das nossas empresas em feiras nacionais mas temos que reforçar essa presença em termos internacionais com o apoio da câmara e com a minha própria disponibilidade de tempo e intervenção.
Outra preocupação a médio-longo prazo é a colaboração que temos que desenvolver com os municípios que são nossos vizinhos. Durante décadas cada um preocupava-se apenas com o seu território, hoje isso não faz sentido, não podemos estar sozinho e muito menos uns contra os outros. Por isso nos próximos quatro anos estarei empenhado no desenvolvimento de iniciativas regionais que sejam também objetivos regionais. Os objetivos locais de cada concelho devem ser partilhados e, no limite, serem submetidos a uma estratégia regional, sob pena de não conseguirmos criar as condições necessárias ao nosso desenvolvimento económico. Não temos capacidade para competir no mundo global se agirmos de forma individual.
Acredita que nessa estratégia a CIM Douro tem um papel a desempenhar?
Sim, a CIM Douro tem um pepel fundamental nesta estratégia. No meu ponto de vista as comunidades intermunicipais devem avançar para um novo modelo de gestão. Acredito que as CIM’s ainda não deram o salto, como se previa quando foram criadas, devido ao seu modelo de governação. Ninguém pode exigir a um presidente de uma comunidade intermunicipal, que é eleito para ser presidente da câmara, que depois dedique o seu tempo à comunidade.
Em 2013 conseguiu mais de 63% dos votos, uma maioria inequívoca, acredita que vai conseguir manter este resultado no dia 1 de outubro?
O resultado das últimas autárquicas foi o resultado do trabalho desenvolvido até aquele momento e a expectativa que as pessoas tinham para estes quatro anos que agora terminam, portanto não tem nada a ver com esta eleição.
Do meu ponto de vista o resultado deste mandato e o projeto para os próximos quatro anos merece o voto de todos, é isso que vou dizer aos munícipes, bem sabendo que nem todos estarão de acordo comigo. Será desta fórmula que vai nascer o resultado destas eleições e desse resultado também eu tirarei as minhas conclusões. Se o resultado for de uma vitória inequívoca então continuaremos o nosso caminho, se ganharmos por uma margem mais pequena devemos adaptar o nosso programa à vontade expressa nas urnas.
Qual é a sua expectativa para o dia 1 de outubro?
A minha expectativa é, claro, ganhar as eleições, até porque acredito que este projeto merece o voto de todos. E mesmo aqueles que não votarem em mim pode crer que após as eleições, todos eles serão alvo da minha atenção e dedicação.
Até à eleições luto pelos votos, a partir das eleições luto pelo meu concelho.