Árvore com mais de 500 anos debatida em Freixo de Espada à Cinta

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O emblemático freixo com mais de cinco séculos/Foto: Direitos Reservados

O emblemático Freixo, com mais de cinco séculos, foi tema de debate, no passado dia 31 de outubro, em Freixo de Espada à Cinta. A iniciativa, denominada “Uma tarde com o Freixo”, contou com a participação dos vários especialistas que se encontram a intervencionar a árvore, com o objetivo de divulgar o trabalho que está a ser realizado.

Investigadores das universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e do Algarve (UAlg), em colaboração com o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e técnicos da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, estão a desenvolver um projeto de requalificação que visa melhorar a saúde do freixo de Duarte d’ Armas, uma árvore com mais de 500 anos, situada em Freixo de Espada à Cinta.

A intervenção já se encontra em vigor há um ano, sendo que, de acordo com a autarquia, “a necessidade de requalificar o Freixo surgiu quando o município quis ver classificada a árvore como Planta Monumental Nacional mas se deparou com a eminência de a árvore morrer e dessa forma a classificação não pode ser concluída”, revelaram através de comunicado.

No entanto, Jorge Duarte, técnico da Câmara Municipal responsável pela classificação do Freixo, acredita que “dentro de pouco tempo a classificação esteja concluída”.

O cimento que se encontrava no tronco da árvore, bem como a calçada, foram alguns dos motivos que levaram a que o Freixo fosse ficando cada vez mais debilitado, com o intuito de inverter este problema os técnicos da UTAD e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas retiraram “parte do cimento e da calçada, pois estava a asfixiar a árvore, não a deixando respirar nem que as raízes absorvessem água”, explicou a autarquia.

Com o objetivo de dar estabilidade ao Freixo, os técnicos construíram ainda uma estrutura dentro do tronco, tornando-o mais forte, uma vez que o interior se encontra podre, evitando assim que a árvore se parta ao meio.

Para Luís Martins, investigador da UTAD, o próximo passo é proibir o estacionamento junto ao Freixo, “pois o peso dos veículos faz com que a calçada vá abatendo, o que está a danificar as raízes”. O investigador receia ainda que a longo prazo, a escultura que agora se encontra ao redor do tronco do Freixo asfixie a árvore e não a deixe revigorar-se.

Neste seguimento, o município comprometeu-se em tomar medidas relativamente ao estacionamento, visto que esta “árvore é a identidade do nosso povo, e de tudo vamos fazer para que se mantenha viva”, afirmou Maria do Céu Quintas, presidente da autarquia.

As equipas que se encontram a estudar o Freixo de Duarte d´Armas estão ainda a tentar clonar a árvore, para que possa vir a ser plantada noutras zonas do concelho e mesmo em alguns concelhos do país.

De acordo com a UTAD, foram ainda realizadas “pesquisas da história, arqueologia, botânica, fisiologia, fitossanidade, sequestro de carbono e métodos de propagação, processos onde foram usados instrumentos de alta tecnologia para recolha de imagens como drones e microscopia eletrónica”.

O Freixo, que segundo muitos deu o nome à vila manuelina, vai continuar a ser alvo de estudo e de intervenção, para garantir que volta a ser saudável, sendo que, de acordo com a autarquia, neste momento “já se verifica que a árvore está a revigorar a bom ritmo”.

A árvore secular situa-se junto à torre heptagonal de Freixo de Espada à Cinta e está representado no “Livro das Fortalezas”, desenhado entre 1509 e 1510 a mando de D. Manuel I. O Rei ordenou a Duarte d´Armas que registasse o estado das fortalezas que assinalavam e garantiam a defesa da soberania junto da raia de Castela. Ao fazer a representação do castelo de Freixo de Espada à Cinta, o Debuxador do reino desenhou também o Freixo, arrolando assim a sua existência.