Trazidos pela saudade da terra, dos amigos e dos familiares, todos os anos milhares de emigrantes regressam para as férias de verão fazendo aldeias, vilas e cidades fervilhar de emoção.
O Viva Douro falou com dois emigrantes para perceber a emoção do regresso, e quais os planos para o futuro longe de Portugal.
Bruno Figueiredo tem 39 anos, vive com a mulher e as filhas em Bruxelas e todos os anos, em Agosto, regressa à sua terra natal, Peso da Régua. “A minha mãe faz anos a 15 de Agosto, são também as festas da cidade, por isso é a altura ideal para estar com a família e os amigos”, afirma.
Já para Ana Margarida, de 42 anos, a residir em Paris com o filho, existe um sentimento que é difícil explicar, “voltar a casa é uma coisa que poucos entendem, há cheiros que se pode correr o mundo e não se encontram… para mim é o das vindimas, inexplicável”, acrescentando que o regresso em Agosto é também uma oportunidade para “estar com a família, rever amigos e ‘tirar a poeira’ à casa que está fechada durante o ano”.
Viver longe de casa significa muito mais do que aquelas quatro paredes que se habitam, são as saudades “do sol, da família, dos amigos de sempre” refere Bruno que tenta “aproveitar ao máximo o tempo para estar com os amigos e usufruir da companhia da família”. Católico e devoto de Santo António, Bruno participa “todos os anos na procissão” da cidade, um motivo mais para o regresso nesta altura.
No final destes dias de descanso ambos regressam aos países onde fazem vida, até Agosto do próximo ano. Ana ainda regressou no Natal do ano passado mas, as despesas e a curta duração da férias colocam em questão um novo regresso por essa altura, “uma semana nem dá tempo para desfazer a mala, e o regresso custa muito mais a nível emocional e financeiro, os voos são muito mais caros”. Já Bruno nem hesita, o regresso no Natal não irá acontecer, tal como em anos anteriores.
Os motivos que levaram ambos a emigrar, tal como na maioria dos casos, foram financeiros, na Bélgica Bruno encontrou “melhores condições de trabalho e maior estabilidade familiar”. O regresso a casa “não está nos planos, não vejo melhorias em Portugal por agora mas espero um dia voltar há minha terra, ao meu país”.
Para Ana, a partida inicial teve desde logo um fim anunciado, contudo os planos alteraram-se e o regresso pensado ao fim de 5 anos não aconteceu, agora passou “a 10, quero muito regressar a casa mas não posso dizer quando, é uma decisão que tem e ser bem refletida. Já fiz as malas por duas vezes mas só tive mesmo o trabalho de as voltar a arrumar”.