Desde 2016 que a UNESCO e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) assinalam anualmente, a 18 de junho, o Dia da Gastronomia Sustentável, para sensibilizar os cidadãos para a sua importância no desenvolvimento sustentável.
Mas o que é a gastronomia sustentável? Segundo a FAO, gastronomia sustentável significa uma cozinha que tem em conta a origem dos ingredientes, a forma como os alimentos são cultivados e como chegam aos nossos mercados e aos nossos pratos.
A gastronomia é designada muitas vezes como a arte da alimentação, o estilo de cozinha de uma determinada região, ou seja, a forma de comer de um determinado povo. A sustentabilidade, aliada à gastronomia, é a ideia de que desde a origem do alimento (agricultura ou pesca) até à forma de preparação e confeção do alimento é feita de maneira a não desperdiçar os recursos naturais. Estes são comportamentos que devem ser continuados no futuro, sem serem prejudiciais para o ambiente e para a nossa saúde, promovendo o desenvolvimento sustentável do sector agrícola, a segurança alimentar, a alimentação saudável e a conservação da biodiversidade.
A gastronomia portuguesa, ainda que limitada a um espaço geográfico relativamente pequeno, à beira mar plantado, é riquíssima em variedade, mostrando várias influências, nomeadamente atlânticas, mas também mediterrânicas. As suas práticas ancestrais, poderão facilmente ser reconhecidas como sustentáveis, como a utilização primordial de produtos locais, não processados ou pouco processados, com pouco ou nenhum desperdício do alimento e utilização de métodos de confeção simples, por exemplo, os estufados, os ensopados e as caldeiradas.
Na UTAD, trabalhamos ativamente na promoção da aquisição de competências de gastronomia sustentável no Kitchen Lab, um laboratório dotado de equipamentos com inteligência tecnológica, utensílios e recursos necessários à experimentação de técnicas de gastrotecnia, ao nível dos melhores da Europa neste âmbito. Para além das aulas de gastrotecnia, têm sido realizadas formações nacionais e internacionais, mote para o intercâmbio de experiência gastronómica, onde são trabalhados os conteúdos: conhecimento dos alimentos locais e da época; gestão responsável de água na confeção culinária; aproveitamento integral dos alimentos; redução do desperdício alimentar; refeições com proteínas de origem vegetal (principalmente as leguminosas); correta leitura de rótulos dos alimentos e técnicas culinárias mais saudáveis.
Somos aquilo que comemos, mas também seremos aquilo que teremos para comer. Por isso, a sustentabilidade dos sistemas alimentares é também um desafio importante em saúde pública, tendo sido reconhecido o papel que as alterações climáticas poderão ter no aumento da pressão dos próprios sistemas de saúde numa população cada vez mais envelhecida e na segurança alimentar da população.
A mensagem deste dia é que um futuro mais sustentável pode mesmo começar na sua cozinha.