Dia Mundial do Rato: Apesar de pequeno, a sua importância na cultura, na ciência e na biologia é grandiosa

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Dia Mundial do Rato: Apesar de pequeno, a sua importância na cultura, na ciência e na biologia é grandiosa

Celebra-se, hoje, o Dia Mundial do Rato, uma homenagem que assinala a sua importância como animal de estimação e de companhia para muitas famílias em todo o mundo.

Desde pequenos que crescemos com a imagem do rato como uma referência no mundo da animação infantil, com destaque para a gigantesca produtora audiovisual The Walt Disney Company, na qual o famoso rato Mickey e a Minnie são o símbolo da marca.

Culturalmente, simboliza a prosperidade familiar em muitos países do oriente e, na China, o rato é um dos animais do zodíaco e do calendário chinês. Devido ao desenvolvido sentido do olfato, os ratos conseguem antever alguns fenómenos naturais, como terramotos e inundações, originando o ditado popular português “os ratos são os primeiros a abandonar o barco”.

Na ciência, é utilizado como modelo experimental em muitas investigações de carácter científico a nível clínico e comportamental. Na biologia, o rato é um pequeno mamífero pertencente à ordem dos roedores e à família Muridae, a maior família no grupo dos mamíferos, com cerca de 2255 espécies identificadas a nível mundial. Em Portugal, ocorrem 15 espécies de roedores e a equipa do Laboratório de Ecologia Fluvial e Terrestre (LEFT), do CITAB, confirmou a nível nacional a ocorrência de uma nova espécie no Parque Natural de Montesinho, o rato das neves (Chionomys nivalis).

A nível trófico, os ratos são a base alimentar de muitos predadores, como aves de rapina, répteis e outras espécies de mamíferos, representando um importante papel como alimento nas cadeias tróficas dos seus predadores. São, assim, um pilar para o bom funcionamento e sustentabilidade do ecossistema terrestre. O LEFT tem participado em vários projetos de investigação sobre a dieta alimentar da coruja das torres, na região de Trás-os-Montes, por esta ser uma ave de rapina noturna que se alimenta quase exclusivamente de ratos. A análise das suas regurgitações permite-nos conhecer detalhadamente a comunidade de pequenos mamíferos existente, flutuações cíclicas de determinadas espécies e até mesmo a confirmação de novas espécies. Exemplo disso aconteceu com o rato dos prados (Microtus arvalis), em Miranda do Douro, no ano de 2002. A análise de seis mil e quinhentas regurgitações recolhidas nos distritos de Vila Real e Bragança permitiram contabilizar 23 mil presas de pequenos mamíferos.

A nova edição do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental (LVMPC), com lançamento agendado para dia 17 de abril, apresenta a atualização dos estatutos de ameaça das espécies e a atribuição das respetivas categorias. Isto é feito com com base nos critérios de classificação internacional da International Union for Conservation of Nature (IUCN), o que permite desenvolver uma gestão mais eficiente das espécies e dos seus habitats a nível nacional e internacional, já que bastantes espécies entrarão na categoria de ameaçadas (VU, EN, CR). A informação proveniente da análise das regurgitações da coruja das torres foi imprescindível para melhor avaliar e classificar os estatutos de conservação dos pequenos mamíferos ao abrigo da Diretiva Habitats.