
Recentemente foi publicada a criação da Unidade de Missão para a Valorização do Interior. Inicia-se assim um processo que visa cumprir uma promessa eleitoral e dar resposta a um dos grandes problemas nacionais – a desertificação do interior – que, à luz de uma linguagem mais atual, se consideram territórios desafiantes.
A conhecida crise financeira de 2008 e as posteriores crises das dívidas soberanas, associada ao problema do desemprego e da queda demográfica têm vindo a agravar o problema da desertificação e da coesão nacional. É neste cenário que foi criada a mencionada unidade interministerial que pretende implementar um programa nacional para a coesão territorial e promover medidas de desenvolvimento dos territórios localizados em zonas de baixa densidade. Desta forma, o governo pretende identificar as condições para a prossecução de medidas que incluem a valorização dos produtos regionais, o incentivo à fixação de jovens, a valorização dos espaços de produção e a criação de plataformas regionais para empregabilidade.
Para tal, é necessário implementar novas estratégias de utilização dos fundos estruturais no apoio a ações que valorizem a organização de programas de desenvolvimento, de inovação e de empreendedorismo com efetivo impacto nos territórios desafiantes. Neste domínio, o papel das instituições de ensino superior localizadas nestes territórios é determinante, enquanto motores de dinâmicas do território. A título de exemplo, refira-se os programas de valorização dos recursos endógenos, caso do PROVERE, que reclamam uma estratégia de desenvolvimento centrada numa maior interação das Universidades com os atores e a economia do território.
A UTAD tem criado pontes entre as instituições e defendido o estabelecimento de compromissos em contexto de uma economia de bens transacionáveis, articulando o ensino, a produção e a disseminação do conhecimento na cadeia do valor das fileiras, definidas como prioritárias em cada território. Nesta linha, tem contribuído para aprofundar uma estratégia de especialização inteligente, geradora de efeitos económicos no curto médio prazo, como condição para estancar o ciclo de declínio do interior.
O alcance deste objetivo exige que se evolua do plano da narrativa para a definição de um programa de ação concreto que articule o ensino superior, a ciência e o território, que capacite e estimule as instituições de ensino superior a desempenharem eficientemente o seu papel, com base num conjunto de pressupostos e incentivos associados ao respetivo desempenho. É este um dos compromissos da UTAD com a região e o país.